O
doutrinador deve ler e reler, com
atenção e persistência, a ESCALA ESPÍRITA em (O Livro dos Espíritos) para bem
informar-se dos tipos de Espíritos com que vai defrontar-se nas sessões. A
escala nos oferece um quadro psicológico da evolução espiritual, que podemos
também aplicar aos encarnados. No trato com os Espíritos, o conhecimento desse
quadro facilita grandemente a doutrinação. Os Espíritos inferiores usam
geralmente de artimanhas para nos iludirem e se divertem quando conseguem,
prejudicando-se a si mesmos e fazendo-nos perder tempo. Temos de encará-los
sempre como necessitados e tratá-los com o desejo real de socorrê-los. Mas
precisamos de psicologia para conseguirmos
ajudá-los. A tipologia que a Escala
nos oferece é de grande valia nesse sentido. Por outro lado, a leitura dos
casos de doutrinação relatados por Kardec na Revista Espírita nos oferece
exemplos valiosos de como podemos nos conduzir, auxiliados pelos Espíritos
protetores da sessão, para atingir bons resultados.
A prática da doutrinação é uma arte em que o bom doutrinador vai se aprimorando na medida em que se esforça para dominá-la. Enganam-se os que pensam que basta dizer aos Espíritos que eles já morreram
para os sensibilizar. Não basta, também, citar-lhes trechos
evangélicos ou fazê-los orar repetindo a nossa prece. É importante também
explicar-lhes que se encontram em situação perigosa, ameaçados por Espíritos
malfeitores que podem dominá-los e submetê-los aos seus caprichos. A ameaça de
perda da liberdade os amedronta e os leva geralmente a buscar melhor
compreensão da situação em que se encontram. Mas não se deve falar disso em tom
de ameaça e sim de explicação pura e simples. Muitos deles já estão dominados
por Espíritos maldosos, servindo-lhes de instrumentos mais ou menos
inconscientes. O médium que recebe a entidade sente as suas vibrações, percebe
o seu estado e pode ajudar o doutrinador, procurando absorver os seus ensinos.
Através da compreensão do médium o Espírito sofredor ou obssessor
é mais facilmente tocado em seu
íntimo e desperta para uma visão mais real da sua própria situação. Doutrinador
e médium formam um conjunto que, quando bem articulado, age de maneira
eficiente para a entidade. A prática da doutrinação é uma arte em que o bom doutrinador vai se aprimorando na medida em que se esforça para dominá-la. Enganam-se os que pensam que basta dizer aos Espíritos que eles já morreram
O doutrinador deve ter sempre em mente todo esse quadro, para agir de acordo com as possibilidades oferecidas pela comunicação do Espírito. Com os Espíritos rebeldes, viciados na prática do mal, só a tríplice conjugação da autoridade moral do doutrinador, do médium e do Espírito protetor poderá dar resultados positivos e quase sempre imediatos. Se o médium ou o doutrinador não dispuser dessa autoridade, o Espírito se apegará à fraqueza de um deles ou de ambos para insistir nas suas intenções inferiores. Por isso Kardec acentua a importância da moralidade na relação com os Espíritos. Essa moralidade, como já dissemos, não é formal, mas substancial, decorre das intenções e dos atos morais dos praticantes de sessões, e não apenas nas sessões, mas também em todos os aspectos de suas vidas.
Os Espíritos sofredores são mais facilmente doutrinados, pois a própria
situação em que se encontram favorece a doutrinação. Se muito erraram na vida
terrena, permanecendo por isso em situação inferior, o fato de não se
entregarem à obsessão depois da morte já mostra que estão dispostos a regenerar-se.
Só a prática abnegada da doutrinação, com o desejo profundo de servir aos que
necessitam, dará ao médium e ao doutrinador a sensibilidade necessária para
distinguir rapidamente o tipo de Espírito com que se defrontam. O doutrinador
intuitivo aprimora rapidamente a sua intuição, podendo perceber, logo no
primeiro contato, a condição do Espírito comunicante. A psicologia da
doutrinação não tem regras específicas, dependendo mais da sensibilidade do
doutrinador, que deverá desenvolvê-la na prática constante e regular. Mesmo que
o doutrinador seja vidente, não deve confiar apenas no que vê, pois há
Espíritos maus e inteligentes que podem simular aparências enganadoras, que a
percepção psicológica apurada na prática facilmente desfará. Não é preciso ser
psicólogo para doutrinar com eficiência, mas é indispensável conhecer a ESCALA
ESPÍRITA, que nos dá o conhecimento básico indispensável.
Herculano Pires.
COMO DOUTRINAR
Herculano Pires.
COMO DOUTRINAR
Perante
os Espíritos perturbados, pensemos primeiro na nossa situação íntima
antes de dialogar com eles - apresentam
eles o resultado do desacato às soberanas leis do equilíbrio ora colhidos pela dor.
Vêm
em busca de auxílio (embora muitas vezes não tenham consciência disso).
"Dialoguemos
com a ternura de um irmão e o respeito de um amigo."
Socorrê-los
é o objetivo da doutrinação.
O
amor que lúcida em ti e te apazigua, leni-os-á
e o argumento sincero, sem floreios nem
azedume despertá-los-á." Joanna de Ângelis
Diante
deles, portanto, os desencarnados que sofrem, coloquemo-nos na posição de quem usa
a terapêutica do amor em si mesmo. Eles não são seres diferentes de nós, são
iguais, e os problemas por sua
equivalência, merecem o mesmo tratamento. Carregam as
mesmas virtudes e defeitos que assinalam a
posição evolutiva de todos nós.
A
população da erraticidade
inferior difere pouco da população terrestre. Todo conceito nobre ajudá-los-á
se os tivermos incorporados ao nosso comportamento cotidiano, porque eles nos
acompanharão a verificarem se falamos a verdade, se vivemos o que falamos.
Não
serão apenas as palavras que irão convencer o irmão obsessor, mas todo
sentimento solidário, sincero, amoroso, de todo o grupo.
Nesse
trabalho de resgate, a solidariedade precisa ser exercida para que o
socorro
se efetue real. Participando das reuniões caridosas de intercâmbio com
sofredores desencarnados, aprende-se a
aquilatar o valor do amor. Percebe-se a "não-violência“ poderosa do amor, o resultado dos fluidos
magnéticos manipulados pelos sentimentos e, acima de tudo, a magia sublime da
presença de Jesus, pelos laços criados através da oração.
É
a atividade do coração. Não há espaço para meias-verdades, indiferença ou
comodismo.
Em
toda doutrinação há de se levar em conta a conduta espírita e a
responsabilidade
moral do doutrinador, porquanto, a instrução que não se faz acompanhar do
exemplo não possui a tônica da verdade. Colocamos como essenciais as virtudes:
.
Formação doutrinária;
.
Conhecimento evangélico;
.
Autoridade moral;
.
Psicologia cristã;
.
Ética e método;
.
Paciência e humildade;
.
Fato e prudência;
.
Fé e serenidade;
.
Sensibilidade;
.
Amor.
E
ainda é preciso que haja, da parte do doutrinador, muita abnegação, a fim de
que o trabalho que os amigos invisíveis realizam por nosso intermédio, tenha
base segura.
Na
formação dos quadros fluídicos, sentimos essa contribuição.
São
arquitetos espirituais que fazem
parte de reunião de esclarecimento que quando bem conduzidas, temo-los
operantes, eficientes, manipulando a matéria mental necessária à formação dos
quadros educativos, retirando dos médiuns os recursos imprescindíveis à criação
de formas pensamento quais sejam: paisagens, telas, com objetivo à
transformação dos Espíritos dementados que buscamos socorrer. se
debate.
Muitos
necessitam para que se recuperem, do concurso de imagens vivas sobre as impressões
descontínuas, frustrantes, infelizes a que se recolheram . É assim que se
formam jardins, fontes, cachoeiras, quadros outros através da força mental do
grupo, que é manipulada pelos desenhistas na organização de fenômenos que
possam revitalizar a visão, a memória, a audição e o tato dos Espíritos ainda
em trevas mentais.
O
diálogo na doutrinação vai se desenvolvendo a partir de uma espécie de
monólogo,
pois, no princípio é preciso deixar o Espírito falar para que informe sobre si
mesmo.
O
doutrinador, apenas ele, deve conduzir a conversa sem apartes por parte dos
médiuns, pois é sobre o doutrinador que atuam os mentores (pode acontecer o
doutrinador indicar um companheiro para o diálogo).
Os
médiuns devem se manter atentos à conversação, mas sem nela se envolverem
nem mesmo por palavras pensadas.
E
o diálogo prossegue. Os elementos para
se formar um juízo vão seguindo seu curso. Quais as fixações do
Espírito? Todo processo obsessivo tem o seu núcleo: traição - vingança -
desamor – violência . E o doutrinador, com habilidade, vai mudando o rumo de
seus pensamentos, permitindo que ele
fale também.
Além
das fixações penosas, os Espíritos conturbados costumam apresentar
cacoetes sob a forma de contrações, tudo
ligado ao problema anterior que os atormenta.
Por
muitas, inúmeras vezes, o doutrinador tem de recorrer à prece.
A
prece tem o poder de fazer calar a imensa maioria dos Espíritos desajustados,
mesmo os mais violentos. Muito raramente procuram eles perturbar a prece -
geralmente,
ouvem-na
em silêncio. Alguns, entretanto, zombam, tentam dramatizar, ironizar, riem.
Na
verdade, têm medo da emoção que os leva à crise e da crise que os leva à dor
que os espera no longo caminho de volta.
Temos
ainda o recurso do passe, que deve ser dado no momento certo.
Passe
para serenar, adormecer, sensibilizar.
Quando
acontece de um Espírito chegar agressivo, ameaçador, devemos apaziguá-lo,
levando-o a quebrar o terrível círculo vicioso É ter paciência e esperar - a cólera passa, pois é difícil sustentá-la
contra quem não nos oferece resistência.
O
melhor argumento ante um Espírito recalcitrante, com ideia fixa de vingança,
não é pedir que perdoe ou esqueça (isso costuma revoltá-lo ainda mais), é dizer
que agindo assim ele está cada vez mais se afastando da sua destinação como
Espírito eterno -O Bem.
Ao
desejar a vingança ele se afasta dessa estrada.
A
fase da aceitação chega por pequeninos e quase imperceptíveis sinais:
-
ouvem-nos mais;
-
abaixam o tom de voz;
-
menor agressividade.
Se o Espírito se mantiver avesso às
apreciações do doutrinador devemos pedir a colaboração dos mentores, para que
ele seja encaminhado a organizações adequadas na erraticidade.
Utiliza-se a hipnose benéfica,
serenando o Espírito perturbado, afastando-o do organismo medianeiro pelo passe
anestesiante.
Nós espíritas temos 3 tipos de
adversários no Além:
1º - nossos adversários pessoais do
passado;
2º - os adversários daqueles a quem
pretendemos ajudar - o que é natural;
3º - os adversários da causa do bem
que querem a promiscuidade que aí está.
As doutrinações são terapias de
longo curso.
Só o amor é antídoto para o ódio. O
tempo passa e o amor com que plantamos nossa vida - convence.
Hermínio Miranda encerra [Diálogo
com as sombras] com esta frase;
- "Se me fosse pedido o
segredo da doutrinação diria apenas uma palavra -
amor.
"ALGUMAS QUESTÕES PRÁTICAS
Selecionamos algumas questões que
merecem análise:
a) É importante para o
esclarecimento, o doutrinador saber o nome do Espírito comunicante?
- Se for um Espírito familiar sim,
como identificação. Mas o nome pouco importa e pode acontecer o Espírito
leviano usar um nome falso.
b) Como o doutrinador deve proceder
quando manifestarem-se Espíritos que,
procurando desarmonizar o ambiente,
incitam o médium ao uso de palavras chulas, grosseiras, rudes?
- Cabe ao doutrinador cortar
imediatamente tais vocabulários que não irão
beneficiar ninguém; pedindo ao
Espírito que se retire, volte quando se achar em condições de manter um diálogo menos grosseiro. Isso
pode acontecer quando o Espírito encontra no cérebro do médium este tipo de
arquivo. O relacionamento médium x doutrinador deve ser de estima e respeito; daí, o doutrinador
conversar com o médium no sentido de um esforço maior na sua mudança íntima.
c) Pode o doutrinador usar de
energia com o Espírito comunicante?
- Quando isso se faz necessário,
sim. Muitas vezes a doutrinação exige atitude enérgica, firme - que não está no
tom da voz mas naquilo que dizemos. A única autoridade legítima é a que se
estrutura na moral.
A única autoridade legítima é a que
se estrutura na moral. Os Espíritos sentem essa autoridade e se dobram a ela em
virtude da força moral de que disponha o doutrinador, força moral que só é
conseguida através de uma vivência evangélica.
d) A faculdade de ver Espíritos
pode ajudar na doutrinação?
- Somos daqueles que pedem cautela
na vidência, pois não podemos ter absoluta confiança no que eles apresentam.
Espíritos maus e inteligentes facilmente podem simular aparências enganadoras
manipulando os fluidos. A percepção apurada na prática desfará os enganos, e
acresce que qualquer consideração, no decorrer da doutrinação, prejudica
mais do que ajuda. E mais: cada médium
vê dependendo da faixa vibratória em que se encontra.
e) Precisa o doutrinador fazer com
que o Espírito conheça sua condição de
desencarnado ao iniciar o diálogo?
- Há de se perguntar: quem de nós
está em condições de receber a notícia de que vai morrer amanhã, com a
serenidade que seria de se esperar? Dizer ao Espírito que deixou a família, que
foi colhido pelo fenômeno da morte física, necessita habilidade a fim de
evitar-lhe "choques da alma“.
É
ato de invigilância
e às vezes de leviandade dizer-lhe que já não tem o corpo físico sem o devido
preparo para tanto.
A
tarefa da doutrinação é consolar.
f)
Para onde vão os Espíritos que são doutrinados? O que acontece a eles?
-
São muitos os caminhos que se abrem diante deles. Geralmente, são levados a um
local
de repouso e tratamento.
Trabalhadores
espirituais os conduzem à reeducação.
Quase
todos precisam mergulhar numa nova reencarnação, quanto antes, e assim que
estejam
em condições, começa-se o preparo para o recomeço.
Muitas
vezes ainda, o trabalho de doutrinar continua no plano espiritual.
Espíritos
amigos já disseram que verdadeiras sessões mediúnicas são realizadas com
médiuns
desdobrados pelo sono físico.
As
doutrinações se projetam ao longo dos dias e seguem nas realizações da noite,
quando,
em desdobramento, acompanhamos os mentores nos contatos e nas tarefas que sedesenrolam
no mundo dos Espíritos.
Bibliografia
1)
Diálogo com as sombras - Hermínio C. Miranda
2)
Correnteza de Luz - Camilo/Raul Teixeira
3)
Leis Morais da Vida - Joanna de Ângelis/Divaldo
P. Franco
4)
Diretrizes de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira
5)
Vozes do Grande Além - Espíritos Divers
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