Conquistaremos outros planetas?
A conquista do espaço cósmico pelo homem terreno é apenas uma
picada de alfinete na pele do Universo. Assemelha-se às picadas que demos até
hoje na pele da própria Terra, sem conseguir penetrar-lhe as entranhas. Ë
natural que o homem se orgulhe do seu feito, mas convém não se embriagar em
excesso. Para começar, devemos lembrar que os nossos combustíveis são ainda
demasiado grosseiros: estamos nos atirando à Lua por meio de foguetes, não
dispondo dos recursos de energias apropriadas que a Ciência ainda procura.
O “Livro dos Espíritos” ensina, há mais de cem anos, que os
mundos habitados se dividem em categorias, como tudo na Natureza. Há mundos
primitivos, habitados por humanidades selvagens como foi a Terra no passado. Há
mundos de civilizações rudimentares, como a fase das civilizações agrárias em
nosso planeta. Há mundos de civilizações em grau semelhante à nossa e mundos de
civilizações superiores. Tudo isso no plano de matéria densa em que vivemos.
Mas além desse plano (as pesquisas modernas admitem a existência no cosmos de
pelo menos sete estados da matéria já conhecidos) há outros de estados menos
densos em que se desenvolvem formas de vida e de civilizações altamente
evoluídas.
É claro que só está ao nosso alcance, por enquanto, o plano
de matéria densa, o cosmos tridimensional em que vivemos. Em nosso próprio
sistema solar há planetas conhecidos, como Júpiter, cuja densidade material os
coloca fora do nosso alcance. Na “Revista Espírita” Kardec publicou curiosas
comunicações de Espíritos sobre a vida nesse planeta e um desenho mediúnico
recebido pelo teatrólogo Victorien Sardou, que era médium. Essas informações
mediúnicas, como Kardec advertia, devem ser recebidas com reserva, pois estão
condicionadas pela capacidade do espírito comunicante e do médium receptor,
além de outras limitações. Servem, porém, para nos dar uma idéia aproximada da
vida em outros mundos.
Não há dúvida que poderemos conquistar a Lua, nosso satélite
natural que parece pertencer à classe dos “mundos transitórios” da escala
cósmica de “O Livro dos Espíritos”, ou seja, um mundo que serve apenas de pouso
passageiro a homens espíritos na exploração do espaço. Mas, no tocante a
planetas como Vênus e Marte, devemos refrear a imaginação. Tudo depende das
condições reais desses mundos. Informações mediúnicas recebidas com reserva por
Kardec adiantaram que Marte seria inferior à Terra em evolução e Vênus seria
superior. A distância em que os planetas se encontram do Sol não parece influir
no seu grau de evolução. Mas tudo isso, como fez Kardec, deve ser posto no
condicional: “seria” e não “é”. Mesmo porque a finalidade do Espiritismo, como
explicou Kardec, não é oferecer-nos “já feito” aquilo que temos de conquistar
pelo nosso esforço no estudo e na pesquisa.
O princípio espírita da pluralidade dos mundos habitados
inclui a possibilidade de comunicações entre eles. Mas essa possibilidade depende
da evolução dos mundos. Dá-se no espaço o mesmo que na Terra, onde a comunicação
entre os continentes só foi possível quando os povos evoluíram suficientemente.
É por isso que não devemos temer a “invasão da Terra por conquistadores do espaço”,
pois esses, na verdade, serão criaturas mais adiantadas que nós. E não é lógico
estabelecermos comparações entre esses navegantes do espaço e os violentos
conquistadores da América no mundo atrasado do século XVI. A “conquista” de
outros mundos, atualmente, não é uma tomada de posse, mas apenas um
estabelecimento de comunicação. Estamos na era das comunicações e não do
colonialismo, que chega fatalmente ao seu fim.
J. Herculano Pires
O Homem Novo
(Lições de Espiritismo / Crônicas)
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