"PERDA"
Vamos ao texto
Prezada amiga de ideal em Cristo.
Você me pede uma opinião sobre a utilização da palavra "perda" para referir-se à morte de pessoas. Segundo você, para muitas pessoas, a palavra “perda” não seria a melhor expressão, pois, pois dá um sentido de propriedade, de posse de algo e pessoas não são posse ou propriedade de ninguém. Nesse sentido sim, porém, vamos analisar sob outro prisma, vejamos...
"Perda", não tem apenas o sentindo material de posse ou propriedade. Os dicionários (Aurélio, Michaellis, Houaiss, dentre outros), já incorporaram a palavra "perda" também com o sentido de morte . Na origem latina da palavra, (perdita ou perdeda) o sentido é de dor, sofrimento, privação... daí, tudo aquilo que causa privação, dor, sofrimento, vem a ser tratado como "perda". E aí vem: perda de tempo, perda de caráter, perda de oportunidade, perda da liberdade, “perda de pessoas”, perda de bens, etc.
Ao se usar o substantivo "perda" para se referir à morte de alguém, não se está usando a palavra com o sentido de posse ou propriedade, mas para expressar uma tristeza, uma privação de convivência concreta, de certo ponto de vista, sofrimento.
O dicionário Michaellis tem como um dos sinônimos para "perda" a palavra “morte", o dicionário Aurélio usa a palavra "perda", além do sentido de morte, também em sentido teológico, significando "danação, perdição" (perda de uma alma).
Creio não haver, salvo melhor entendimento, nenhum viés de materialismo em utilizar a palavra "perda", pelo contrário, a restrição ao seu uso seria um excesso de zelo.
Em linquística cada palavra tem o significado que melhor exprime uma ideia, um signo, o que depende do emissor e do receptor da mensagem terem uma mesma ideia para a palavra. A palavra "perda", por exprimir a ideia de dor, é perfeitamente aceita para se referir à morte de uma pessoa querida. Faz parte do arquétipo coletivo. Creio que, por isso, o Espírito Sanson utiliza a palavra
"perda" em sua comunicação (Evangelho Segundo o Espiritismo cap. 5, item 21), valendo-se do seu sentido lingüístico, que, senso comum, exprime, também, a idéia de morte.
No "O Livro dos Espíritos", na questão 934, temos, na própria pergunta a palavra “perda” com o sentido de morte ("A perda de entes queridos não nos causa um sofrimento tanto mais legítimo quanto é ela irreparável e independente da nossa vontade"?). Os Espíritos não fizeram nenhuma correção em relação à palavra “perda” contida na pergunta. Responderam, de forma clara, à pergunta, pois entenderam o sentido dado à palavra "perda" ("Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.")
Pode-se objetar que, em termos espirituais, a morte não existe e que ninguém perde ninguém. Pelo prisma da imortalidade da alma sim, mas pelo aspecto da encarnação não, pois a encarnação tem começo e fim. A pessoa que conhecemos é um conjunto espírito/matéria, cuja convivência solidifica os sentimentos. Portanto é natural que havendo a morte física, haverá a descontinuidade da convivência
(sentida, vista, percebida) e isso é uma perda, pois não mais se terá o que se tinha, qual seja, a convivência física.
Ainda sob o prisma da morte não existir, muitos preferem o termo desencarnar. Salvo melhor juízo, morte e desencarnação não têm o mesmo sentido e não são, necessariamente, simultâneas. A primeira é física, a segunda é a separação espiritual, o desprendimento mental.
Quando damos um nome a alguém, não damos o nome ao Espírito, mas sim à pessoa (Espírito encarnado em uma dada encarnação). O Espírito, justamente pelo fato de se reencarnar várias vezes, não tem um nome específico. Recebe um nome em cada encarnação. Então, o nome, a persona, é o Espírito reencarnado. Esse conjunto desaparece com a cessação da vida orgânica e a isso é que chamamos morte (veja a questão 68 de “O Livro dos Espíritos”).
Desencarnação é o ato do desligamento do Espírito; desligamento completo, ou seja, inclusive o mental. Quantos espíritos há que, anos após a morte do corpo, ainda se sentem ligados a ele?. Vejamos as dissertações dos espíritos infelizes contidas no livro o Céu e o Inferno (segunda parte), quanto dizem ainda estarem "ligados ao corpo" (alguns por anos ou décadas)... Esses não desencarnaram. Houve a morte física, mas não a desencarnação.
Portanto, em certo sentido, ou melhor, no sentido físico, a morte existe sim, referindo-se a uma estrutura orgânica (LE 68). Quando dizemos "fulano" morreu, não estamos nos referindo ao Espírito imortal ou liberto (que já teve vários nomes), mas sim à pessoa encarnada que não mais será vista "em carne e osso" (valendo-me de expressão coloquial). É a esse fenômeno que se refere a palavra "perda", uma vez que "não mais" haverá esta "pessoa" convivendo fisicamente com os seus amados.
Essas minhas observações estão sempre sujeitas a serem corrigidas, pois externo apenas uma opinião pessoal, sujeita a erro e, por isso mesmo, pode e deve ser corrigida. Espero que meu longo texto não tenha sido uma "perda de tempo" para quem o leu.
Um fraternal abraço, com votos de paz
Simão Pedro
Desencarnação é o ato do desligamento do Espírito; desligamento completo, ou seja, inclusive o mental. Quantos espíritos há que, anos após a morte do corpo, ainda se sentem ligados a ele?. Vejamos as dissertações dos espíritos infelizes contidas no livro o Céu e o Inferno (segunda parte), quanto dizem ainda estarem "ligados ao corpo" (alguns por anos ou décadas)... Esses não desencarnaram. Houve a morte física, mas não a desencarnação.
Portanto, em certo sentido, ou melhor, no sentido físico, a morte existe sim, referindo-se a uma estrutura orgânica (LE 68). Quando dizemos "fulano" morreu, não estamos nos referindo ao Espírito imortal ou liberto (que já teve vários nomes), mas sim à pessoa encarnada que não mais será vista "em carne e osso" (valendo-me de expressão coloquial). É a esse fenômeno que se refere a palavra "perda", uma vez que "não mais" haverá esta "pessoa" convivendo fisicamente com os seus amados.
Essas minhas observações estão sempre sujeitas a serem corrigidas, pois externo apenas uma opinião pessoal, sujeita a erro e, por isso mesmo, pode e deve ser corrigida. Espero que meu longo texto não tenha sido uma "perda de tempo" para quem o leu.
Um fraternal abraço, com votos de paz
Simão Pedro
SIMÃO PEDRO DE LIMA – Professor universitário, historiador e contabilista, com Mestrado em Educação Superior e três Especializações em Administração (na área de Gestão Empresarial), História Moderna e Economia Contemporânea. Atualmente, é membro da “Sociedade Espírita Casa do Caminho” em Patrocínio (MG), onde exerce as atividades administrativas e doutrinárias e membro do Conselho Regional Espírita do Alto Paranaíba - MG, onde auxilia na área de assuntos da mediunidade.
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