domingo, 22 de abril de 2012

FELICIDADE



FELICIDADE


     A felicidade é nossa aspiração máxima. Está na natureza do homem querer ser feliz. Ninguém diria, em sã consciência, que não deseja ser feliz.
    A felicidade é fundamental para o bem estar de todos. Quando estamos felizes, pensamos melhor, agimos melhor e gozamos de mais saúde. Até mesmo nossos cinco sentidos funcionam melhor. A memória se aguça sobremaneira e a tensão mental se desfaz quando acalentamos pensamentos agradáveis.
     A medicina moderna define a felicidade como sendo um “estado de espírito em que os nossos pensamentos são agradáveis uma boa parte do tempo”.
     Já a felicidade na visão espiritualista se dá quando “a criatura humana consegue se harmonizar com Deus”, e por isso, na fase evolutiva em que nos situamos, é impossível alcançá-la de maneira total, mas apenas relativamente. Neste planeta de provas e expiações ainda não podemos obter a felicidade plena, mas depende apenas de nós sermos tão felizes quanto pudermos sobre a terra.
     O ser humano tem buscado ao longo dos séculos, um rumo capaz de lhe proporcionar a paz, mas infelizmente, continua perdido, não sabendo qual caminho seguir. Sem rumo e árido de valores espirituais sofre imensamente.
     Essa procura tem levado muita gente a buscar a felicidade fora de si, onde jamais a encontrará.  O homem está cada vez mais perdido, mais sem rumo e sem direção, pois, em vez de procurar a felicidade dentro de si, espera encontrá-la nos prazeres e nas facilidades terrenas.
     Uma hilariante situação serve para identificar essa ambígua posição
     Um corredor em desabalada carreira se aproxima de outro corredor e pergunta:
     ---Aonde você vai com tanta pressa
     E o colega responde:
     ---Não sei.
     E o outro então propõe:
     ---Vamos, então depressa, senão chegaremos atrasados.
     A verdade é que a imensa maioria das pessoas está perdida, não sabendo onde encontrar a felicidade que tanto almeja, e se comporta ora como os citados corredores, ora como náufragos em alto-mar, que quanto mais água salgada bebe, mais sede sente. Querem viver a vida e ser felizes consumindo-se em vícios e prazeres terrenos, e quanto mais se entregam aos prazeres, mais se infelicitam.
     Sócrates nos propôs como um dos caminhos para a felicidade conhecermos a nós mesmos. O Espírito da Verdade nos acena com uma frase símbolo do Espiritismo: “Amaí-vos, este é o primeiro ensinamento, instruí-vos, este é o segundo”. Jesus nos exorta ao amor incondicional, até mesmo aos inimigos, a fazer aos outros o que gostaríamos que os outros nos fizessem.
     Sabemos, no entanto, que a felicidade é uma conquista interior, não estando, portanto, subordinada a nenhum bem externo. Jesus, quando interrogado pelos fariseus sobre quando haveria de vir o reino dos céus, respondeu-lhes: “O reino dos céus não vem com aparência exterior. Nem dirão ei-lo aqui ou ei-lo ali, porque o reino dos céus está dentro de cada um de vós”. (Luc 17:20-21)
     A felicidade não está, pois, fora de nós, onde sempre a procuramos, e sim dentro de nós, onde raramente a encontramos.
     Se os bens materiais trouxessem a verdadeira felicidade, a Suíça, que é um dos países mais ricos do mundo e com um dos melhores índices per capita do planeta, não seria uma das nações com maior número de suicídios do mundo.
     A felicidade não consiste na prosperidade material, pois mesmo nas famílias ricas existem muitas pessoas infelizes, apesar do muito dinheiro que possuem. Em contraposição, há pessoas que, mesmo não tendo nenhum bem material, sentem-se felizes.
     A história dos dá o exemplo do famoso filósofo grego Diógenes, que morava num barril, não adulava os ricos e poderosos, era completamente livre e sentia-se imensamente feliz. Dizem que certo dia o rei Alexandre Magno, que ouvira a fama desse filósofo, foi vê-lo e lhe disse:
     ---Diga o que queres, e eu o atenderei, seja qual for o seu desejo.
     Então, Diógenes respondeu:
     ---Só desejo uma coisa, majestade. Eu estava desfrutando a luz do céu até o momento em que vossa majestade se colocou diante do meu barril, fazendo sombra. Por favor, não obstrua a luz do sol. Este é o meu único pedido.
     Mesmo morando num barril e não possuindo nenhum outro bem material, ele era livre e feliz.  Fazendo uma comparação entre esse filósofo e as pessoas que, mesmo sendo ricas, sentem-se infelizes e acabam se suicidando, percebemos que a felicidade do ser humano não depende de bens materiais.
     Se dinheiro trouxesse felicidade, os ganhadores da loteria seriam pessoas eternamente felizes e sem problemas. Os famosos adorariam andar por nossas ruas, apesar do assédio dos fãs. Não haveria nenhuma felicidade entre as pessoas que tivessem problemas a resolver, pois seria uma falácia a idéia de que crescemos na dificuldade.
     Entendamos de uma vez por todas que “o inferno ou paraíso não é um lugar circunscrito, pois cada um possui dentro de si mesmo o princípio de sua felicidade ou infelicidade”.
***
Sergito de Souza Cavalcanti
Naturalidade: Belo Horizonte - MG
Profissão: Veterinário e Ex-professor da Escola de Veterinária da UFMG,
Espiritismo: Milita no movimento espírita mineiro desde 1970, quando se integrou ao Grupo Espírita Irmã Scheilla, sendo um de seus diretores e ex-conselheiro. Foi um dos fundadores do Grupo Espírita de Fraternidade ‘Albino Teixeira”, em Belo Horizonte da Fraternidade Espírita José Grosso de Córdoba (Espanha) e do Grupo Kardecista Fraternidade Eterna, da cidade de Inhaúma. Monitor de cursos de evangelho e expositor espírita. 
Instituição Espírita: Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira (Gefrater) e Grupo Kardecista Fraternidade Eterna de Inhaúma (Gefraterna)
Atuação: Dirigente de reunião pública, integrante de reunião mediúnica. Expositor e escritor espírita.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

DOE ÓRGÃOS, DOE VIDA.











PERGUNTA:


O QUE A DOUTRINA ESPÍRITA PODE FALAR A RESPEITO DE DOAÇÃO DE ÓRGÃOS, SABENDO-SE QUE O DESLIGAMENTO TOTAL DO ESPÍRITO PODE ÀS VEZES OCORRER EM ATÉ 24 HORAS E QUE, PARA A MEDICINA, O TEMPO É MUITO IMPORTANTE PARA A EFICÁCIA DOS TRANSPLANTES? O ESPIRITISMO É CONTRA OU A FAVOR DOS TRANSPLANTES?

EMMANUEL - O BENEFÍCIO DAQUELES QUE NECESSITAM CONSISTE NUMA DAS MAIORES RECOMPENSAS PARA O ESPÍRITO. DESSE MODO, A DOUTRINA ESPÍRITA VÊ COM BONS OLHOS A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS. MESMO QUE A SEPARAÇÃO ENTRE O ESPÍRITO E O CORPO NÃO SE TENHA COMPLETADO, A ESPIRITUALIDADE DISPÕE DE RECURSOS PARA IMPEDIR IMPRESSÕES PENOSAS E SOFRIMENTOS AOS DOADORES. A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS NÃO É CONTRÁRIA ÀS LEIS DA NATUREZA, PORQUE BENEFICIA, ALÉM DISSO, É UMA OPORTUNIDADE PARA QUE SE DESENVOLVAM OS CONHECIMENTOS CIENTÍFICOS, COLOCANDO-OS A SERVIÇO DE VÁRIOS NECESSITADOS

sexta-feira, 13 de abril de 2012

ANENCEFALIA - Divaldo Pereira Franco


Joanna de Ângelis



ANENCEFALIA

     Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia.
     De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legítima por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se.
     O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.
     Agindo sob o impacto das tendências que nele jazem, fruto que são de vivências anteriores, elabora, inconscientemente, o programa a que se deve submeter na sucessão do tempo futuro.
     Harmonia emocional, equilíbrio mental, saúde orgânica ou o seu inverso, em forma de transtornos de vária denominação, fazem-se ocorrência natural dessa elaborada e transata proposta evolutiva.
     Todos experimentam, inevitavelmente, as consequências dos seus pensamentos, que são responsáveis pelas suas manifestações verbais e realizações exteriores.
     Sentindo, intimamente, a presença de Deus, a convivência social e as imposições educacionais, criam condicionamentos que, infelizmente, em incontáveis indivíduos dão lugar às dúvidas atrozes em torno da sua origem espiritual, da sua imortalidade.
     Mesmo quando se vincula a alguma doutrina religiosa, com as exceções compreensíveis, o comportamento moral permanece materialista, utilitarista, atado às paixões defluentes do egotismo.
     Não fosse assim, e decerto, muitos benefícios adviriam da convicção espiritual, que sempre define as condutas saudáveis, por constituírem motivos de elevação, defluentes do dever e da razão.
     Na falta desse equilíbrio, adota-se atitude de rebeldia, quando não se encontra satisfeito com a sucessão dos acontecimentos tidos como frustrantes, perturbadores, infelizes...
     Desequipado de conteúdos superiores que proporcionam a autoconfiança, o otimismo, a esperança, essa revolta, estimulada pelo primarismo que ainda jaz no ser, trabalhando em favor do egoísmo, sempre transfere a responsabilidade dos sofrimentos, dos insucessos momentâneos aos outros, às circunstâncias ditas aziagas, que consideram injustas e, dominados pelo desespero fogem através de mecanismos derrotistas e infelizes que mais o degrada, entre os quais o nefando suicídio.
     Na imensa gama de instrumentos utilizados para o autocídio, o que é praticado por armas de fogo ou mediante quedas espetaculares de edifícios, de abismos, desarticula o cérebro físico e praticamente o aniquila...
     Não ficariam aí, porém, os danos perpetrados, alcançando os delicados tecidos do corpo perispiritual, que se encarregará de compor os futuros aparelhos materiais para o prosseguimento da jornada de evolução.
                            
    É inevitável o renascimento daquele que assim buscou a extinção da vida, portando degenerescências físicas e mentais, particularmente a anencefalia.
    Muitos desses assim considerados, no entanto, não são totalmente destituídos do órgão cerebral.
     Há, desse modo, anencéfalos e anencéfalos.
     Expressivo número de anencéfalos preserva o cérebro primitivo ou reptiliano, o diencéfalo e as raízes do núcleo neural que se vincula ao sistema nervoso central…
     Necessitam viver no corpo, mesmo que a fatalidade da morte após o renascimento, reconduza-os ao mundo espiritual.
     Interromper-lhes o desenvolvimento no útero materno é crime hediondo em relação à vida. Têm vida sim, embora em padrões diferentes dos considerados normais pelo conhecimento genético atual...
     Não se tratam de coisas conduzidas interiormente pela mulher, mas de filhos, que não puderam concluir a formação orgânica total, pois que são resultado da concepção, da união do espermatozoide com o óvulo.
     Faltou na gestante o ácido fólico, que se tornou responsável pela ocorrência terrível.
     Sucede, porém, que a genitora igualmente não é vítima de injustiça divina ou da espúria Lei do Acaso, pois que foi corresponsável pelo suicídio daquele Espírito que agora a busca para juntos conseguirem o inadiável processo de reparação do crime, de recuperação da paz e do equilíbrio antes destruído.
     Quando as legislações desvairam e descriminam o aborto do anencéfalo, facilitando a sua aplicação, a sociedade caminha, a passos largos, para a legitimação de todas as formas cruéis de abortamento.
     ... E quando a humanidade mata o feto, prepara-se para outros hediondos crimes que a cultura, a ética e a civilização já deveriam haver eliminado no vasto processo de crescimento intelecto-moral.
     Todos os recentes governos ditatoriais e arbitrários iniciaram as suas dominações extravagantes e terríveis, tornando o aborto legal e culminando, na sucessão do tempo, com os campos de extermínio de vidas sob o açodar dos mórbidos preconceitos de raça, de etnia, de religião, de política, de sociedade...
     A morbidez atinge, desse modo, o clímax, quando a vida é desvalorizada e o ser humano torna-se descartável.
     As loucuras eugênicas, em busca de seres humanos perfeitos, respondem por crueldades inimagináveis, desde as crianças que eram assassinadas quando nasciam com qualquer tipo de imperfeição, não servindo para as guerras, na cultura espartana, como as que ainda são atiradas aos rios, por portarem deficiências, para morrer por afogamento, em algumas tribos primitivas.
     Qual, porém, a diferença entre a atitude da civilização grega e o primarismo selvagem desses clãs e a moderna conduta em relação ao anencéfalo?
     O processo de evolução, no entanto, é inevitável, e os criminosos legais de hoje, recomeçarão, no futuro, em novas experiências reencarnacionistas, sofrendo a frieza do comportamento, aprendendo através do sofrimento a respeitar a vida…                      

     Compadece-te e ama o filhinho que se encontra no teu ventre, suplicando-te sem palavras a oportunidade de redimir-se.
     Considera que se ele houvesse nascido bem formado e normal, apresentando depois algum problema de idiotia, de hebefrenia, de degenerescência, perdendo as funções intelectivas, motoras ou de outra natureza, como acontece amiúde, se também o matarias?
     Se exercitares o aborto do anencéfalo hoje, amanhã pedirás também a eliminação legal do filhinho limitado, poupando-te o sofrimento como se alega no caso da anencefalia.
     Aprende a viver dignamente agora, para que o teu seja um amanhã de bênçãos e de felicidade.

                            Joanna de Ângelis

(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 11 de abril de 2011, quando o Supremo Tribunal de Justiça, estudava a questão do aborto do anencéfalo, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.)