terça-feira, 23 de outubro de 2012

Allan Kardec - Reencarnações


Palestra realizada na Casa dos Humildes no dia 12/10/2012 Allan Kardec o
 centurião, o druída, o reformador e o codificador - Um gênio em suas
reencarnações. Palestrante: Bruno Tavares

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

O que Chico Xavier disse e o que Chico Xavier não disse -Forum Espírita






O que Chico Xavier disse
e o que Chico Xavier não disse




Existe um conjunto de polêmicas dentro do movimento espírita vigente atualmente, que é, de certa forma, fomentado por análises de comentários pressupostamente proferidos por Chico Xavier na presença de confrades que mantinham contato pessoal com o extraordinário médium mineiro. Essa situação tem gerado uma série de hipóteses e teorias, as quais têm proporcionado intensa repercussão dentro do meio espírita, tanto no que se refere à adesão pessoal de determinados confrades às ideias em questão como a um esforço de divulgação intensa dessas referidas propostas por artigos, livros, conferências e seminários.

Dentro deste contexto, é fundamental que façamos algumas reflexões sobre este cenário. Em primeiro lugar, tais polêmicas são geradas pela capacidade formadora de opinião de Chico Xavier. A capacidade intelecto-moral de Chico Xavier e a grandiosidade de sua tarefa, sua trajetória e seu legado dão a seus comentários um peso naturalmente muito grande, o que nos remete, no mínimo, a uma análise respeitosa.

Daí, considerar seriamente tais hipóteses, fazendo uma análise racional e respeitosa de qualquer comentário de cunho doutrinário pressupostamente partido de Chico Xavier, é mais do que uma atitude de elegância intelecto-moral, mas um dever de respeito e de inteligência considerando o conhecimento, a experiência e o legado que o grande médium nos deixou.

Entretanto, não podemos, por outro lado, cair no fanatismo de, idolatrando Chico Xavier, admitir tudo o que nos chega, teoricamente de origem Xavierina, como revelações inquestionáveis do mundo espiritual, o que, infelizmente, tem sido observado, pelo menos, em alguns casos.

Há de se compreender que Chico Xavier, durante seus 92 anos de vida, sofreu pressões inenarráveis de encarnados e desencarnados, de espíritas e adeptos de outras religiões, de cientistas e curiosos, de necessitados materialmente e necessitados da parte espiritual. Mesmo dentro do movimento espírita, as pressões a que Chico foi submetido foram muito intensas, justamente em função do peso de qualquer pronunciamento do médium. Disputas doutrinárias faziam com que adeptos dos dois lados do embate quisessem, naturalmente, o apoio da opinião favorável de Chico às suas ideias.

Chico Xavier era um homem muito inteligente e obviamente inspirado e orientado pelo mundo espiritual superior, e sabia de todo esse contexto à sua volta. Ademais, ele também tinha conhecimento do seu poder de influenciar as opiniões dos demais confrades. Tinha consciência que se pronunciasse opiniões taxativas poderia estar acendendo um “barril de pólvora”, detonando fissuras que poderiam favorecer cisões dificilmente reparáveis no movimento espírita. Obviamente, ele desenvolveu um mecanismo de tentar ser fraterno e caridoso com todos os irmãos, procurando, no entanto, evitar desgastes desnecessários. Assim, sabedor de que a sua principal tarefa era o livro, como o próprio Emmanuel deixara claro em várias oportunidades, ele procurou não participar mais efetivamente desses debates, deixando para que os estudiosos deduzissem a verdade por seus meios próprios através do estudo das obras de Allan Kardec, de suas próprias obras e dos livros de demais autores espíritas e não-espíritas. Chico Xavier tinha a consciência de que sua obra era extremamente atual, mas que deveria ser estudada por séculos. Aquilo que não fosse possível esclarecer aos componentes da atual geração deveria ser assimilado por gerações futuras mais preparadas para assimilar a verdade. Obviamente, nós mesmos, atuais Espíritos encarnados, teremos, provavelmente, outras oportunidades encarnatórias para trabalhar no movimento espírita, reencarnando com mais recursos intelecto-morais para estudos doutrinários mais profundos.

Enquanto Chico Xavier estava encarnado, essas polêmicas giravam em torno de tópicos de divergência histórica na interpretação doutrinária. Interessantemente, após a desencarnação do médium, surgiram várias teorias a respeito da própria figura de Chico Xavier, até porque, nesse novo momento, ele não estaria em pessoa aqui na crosta terrestre para desmentir tais comentários.

Sem duvidar da sinceridade e do desinteresse pessoal dos companheiros que obtiveram pessoalmente alguns depoimentos mais controversos, é de se ressaltar que aquilo que Chico deixou do ponto de vista doutrinário nos livros deve, indiscutivelmente, ser considerado como portador de um peso doutrinário maior. Os textos que chegaram pela mediunidade de Chico Xavier passavam, muitas vezes, por severas revisões no mundo espiritual, conforme aconteceu com o capítulo “Reencarnação”, da obra de André Luiz: “Missionários da Luz”. Sem desmerecer as informações de origem oral, nós sabemos que a elaboração de tais enunciados é feita de forma muito mais rápida e menos sujeita à reflexão, bem como mais submetida à emoção. Ademais, confrades ouviram comentários em contextos diferentes que não eram claramente conclusivos para fechar uma opinião a respeito da ênfase de cada comentário.

Assim sendo, vale comentar um caso recente a título de ilustração nessa pequena análise da questão. Recentemente, recebemos um e-mail de alguns confrades que afirmavam que Chico Xavier teria tido 14 reencarnações de individualidades conhecidas da história. Tal afirmativa foi baseada, segundo o texto recebido, em depoimentos do próprio Chico Xavier a diferentes confrades que gozavam da intimidade do médium. Contudo, entre essas personalidades eram citadas as figuras de São João Evangelista, Platão e Allan Kardec. Ora, em “Prolegômenos”, Kardec cita como autores da obra “O Livro dos Espíritos” os Espíritos de São João Evangelista e Platão. A questão é, se os dois fossem o mesmo Espírito Kardec, necessitaria citar suas duas encarnações?! Seria ético e construtivo dentro da proposta de Fé raciocinada da Doutrina Espírita tal exposição. Alguns podem argumentar que Kardec poderia não saber dessa realidade e, se por algum motivo, o mesmo Espírito assinasse duas mensagens distintas com cada um dos seus nomes prévios, o Codificador não teria como saber disso. Admitindo essa possibilidade, a nosso ver não muito bem justificada, porém não impossível de ocorrer, surge ainda uma segunda problemática. Além de São João Evangelista e Platão serem o mesmo Espírito, dentro obviamente desta hipótese, eles seriam, nessa tese, o mesmo Espírito correspondente ao próprio Allan Kardec. Neste caso, a hipótese ficaria ainda menos provável, pois Kardec estava na Terra organizando o pensamento dos Espíritos. Como Kardec não era médium, seria de se supor que ele dormiria e pelo desdobramento parcial do sono físico enviasse mensagens aos médiuns da Codificação, ora se identificando como Platão, e ora se identificando como São João Evangelista. Só que muitas dessas mensagens foram obtidas na presença de Kardec em total vigília e atenção em relação ao fenômeno mediúnico. Para não descartar de vez a hipótese, podemos admitir que Kardec em desdobramento ou mesmo antes de sua encarnação poderia ter deixado as mensagens de sua lavra (com os nomes de Platão e São João Evangelista) sob a responsabilidade de outro Espírito amigo fazer a transmissão para os seus médiuns. Tal situação, apesar de tecnicamente possível, parece muito confusa e sem um propósito definido, pois Kardec não precisava e até mesmo combatia a exposição orgulhosa de nomes famosos. Segundo Allan Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, o último tópico avaliado nas mensagens mediúnicas deve ser o nome do autor, pois é o mais fácil de ser adulterado. A Doutrina Espírita não era e não é baseada na relevância de nomes célebres, mas na lógica de suas ideias amparadas nos fatos continuamente observados na natureza. Aliás, justamente por isso, o Espiritismo é ciência, é filosofia e é religião, uma vez que a certeza filosófico-científica gera a conscientização para a mudança moral do homem para a atitude de fraternidade.

Além disso, tais informações não são tão relevantes, uma vez que Chico Xavier tem méritos tão representativos que não necessita de associação a reencarnações prévias brilhantes, pois ele já tem brilho próprio e muito intenso pelo que fez durante 92 anos através da “persona” Francisco de Paula Cândido Xavier.

Sem descartar definitivamente as hipóteses elaboradas por confrades bem-intencionados, temos que utilizar da análise crítica para, seguindo o conselho de Erasto, em caso de dúvida, em princípio rejeitar a ideia, deixando-a em uma espécie de banho-maria, à espera da confirmação através do Controle Universal do Ensino dos Espíritos, pois “é preferível rejeitar 10 verdades do que aceitar uma única mentira”.

                  Leonardo Marmo Moreira



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segunda-feira, 8 de outubro de 2012

ORAÇÃO


ORAÇÃO


André Luiz

           MEDIUNIDADE E RELIGIÃO – Misturada à magia vulgar, a mediunidade é de tosos os tempos no mundo.
          Confundida entre os totens e manitus, nas raças primitivas, alteia-se, gradativamente, e surge, suntuosa e complexa, nos templos iniciáticos dos povos antigos, ou rebaixada e desordenada, entre os magos da praça pública.
          Ocioso seria enumerar sucessos e profecias, constantes dos livros sagrados das regiões, nas épocas anciãs.
          A cada passo, nas recordações de todas elas, encontramos referências a manifestações de anjos e demônios, evocações e mensagens de seres desencarnados, visões e sonhos, encantamentos e exorcismos.
          REFLEXO CODICIONADO E MEDIUNIDADE – Em toda a parte, desde os amuletos das tribos mergulhadas em profunda ignorância até os cânticos sublimados dos santuários religiosos dos tempos modernos, vemos reflexo condicionado, facilitando a exteriorização de recursos da mente, para o intercâmbio com o plano espiritual.
          Talismãs e altares, vestes e paramentos, símbolos e imagens, vasos e perfumes, não passam de petrechos destinados a incentivar a produção de ondas mentais, nesse ou naquele sentido, atraindo forças do mesmo tipo que as arremessadas pelo operador dessa ou daquela cerimônia mágica ou religiosa e pelas assembléias que os acompanham, visando a certos fins.
          E compreendendo-se que os semelhantes se atraem, o bruxo que se vale da mandrágora para endereçar vibrações deprimentes a certa pessoa, a esta procura induzir à emissão de energias do mesmo naipe com que, à base de terror, assimila correntes mentais inferiores, prejudicando a si mesma, sempre que não possua a integridade da consciência tranqüila; o sacerdote de classe elevada, toda vez que aproveita os elementos de sua fé para consolar um espírito desesperado, está impelindo-o à produção de raios mentais enobrecidos, com os quais forma o clima adequado à recepção do auxílio da Esfera Superior; o médico que encoraja o paciente, usando autoridade e doçura, inclina-o a gerar, em favor de si mesmo, oscilações mentais restaurativas, pelas quais se relaciona com os poderes curativos estuantes em todos os escaninhos da Natureza; o professor, estimulando o discípulo a dominar o aprendizado dessa ou daquela expressão, impulsiona-o a condicionar os elementos do próprio espírito, ajustando-lhe a onda mental para incorporar a carga de conhecimento de que necessita.
          GRANDEZA DA ORAÇÃO – Observamos em todos os momentos da lama, seja no repouso ou atividade, o reflexo condicionado (ou ação independente da vontade que se segue, imediatamente, a uma excitação externa) na base das  operações da mente, objetivando esse ou aquele gênero de serviço.
          Daí resulta o impositivo da vigilância sobre a nossa própria orientação, de vez que somente a conduta reta sustenta o reto pensamento e, de posse do reto pensamento,  a oração, qualquer que seja o nosso grau de cultura intelectual, é o mais elevado toque de indução para que nos coloquemos,  para logo, em regime de comunhão com as Esferas Superiores.
          De essência divina, a prece será sempre o reflexo positivamente sublime do espírito, em qualquer posição, por obrigá-lo a despedir de si mesmo os elementos mais puros de que possa  dispor.
          No reconhecimento ou na petição, na diligência ou no êxtase, na alegria ou na dor, na tranqüilidade ou na aflição, ei-la exteriorizando a consciência que a formula, efusões indescritíveis, sobre as quais as ondulações do /céu corrigem o magnetismo torturado da criatura, insulada no sofrimento educativo da Terra, recompondo-lhe as faculdades profundas.
          A mente centralizada na oração pode ser comparada a uma flor estelar, aberta ante o Infinito, absorvendo-lhe o orvalho nutriente de vida e luz.
          Aliada à higiene do espírito, a prece representa o comutador das correntes mentais, arrojando-as à sublimação.
          EQUILIBRIO E PRECE – É indispensável compreender que a Inteligência encarnada conta com múltiplos meios de preservar o corpo físico em que se demora.
          Além dos inestimáveis serviços da pele e da mucosa intestinal que o defendem das intromissões indébitas de elementos físicos e químicos, prontos a lhe arruinarem a estabilidade, o homem consegue mobilizar todo um sistema de quimioterapia bacteriostática levada a efeito por determinadas unidades microbianas sobre outras, na vanguarda dos processos imunológicos.
          É possível, então, coibir, com relativa segurança, a febre tifóide, as disenterias, a tuberculose, as riquetsioses, a psitacose, as infecções pulmonares e urinárias, etc.; entretanto, não acontece o mesmo, quando nos reportamos à atmosfera psicológica em que toda criatura se submerge na vida social do Planeta.
          Visto a distância, o homem, na arena carnal, pode ser comparado a um viajor na selva de pensamentos heterogêneos, aprendendo, por intermédio de rudes exercícios, a encontrar o seu próprio caminho de libertação e de ascese. Mentalmente exposto a todas as influências psíquicas, é imperioso se eduque para governar os próprios impulsos, aperfeiçoando-se moral e intelectualmente, para que se lhe aprimorem as projeções.
          No que tange à saúde e manutenção do corpo e no que se refere à aquisição de conhecimentos, utiliza a consulta a médicos e nutricionistas, professores e orientadores diversos. É natural, dessa forma, se valha da prece para angariar a inspiração de que precisa, a fim de afinizar-se com as diretrizes superiores.
          No circuito de forças estabelecido com a oração, a alma não apenas se predispõe a regenerar o equilíbrio das células viciadas ou exaustas, através, espontaneamente, assimilando os raios da Vida Mais Alta a que se dirige, mas também reflete as sugestões iluminativas das Inteligências desencarnadas de condições mais nobre com as quais se coloca em relação.
          PRECE E RENOVAÇÃO – Na floresta mental em que avança, o homem freqüentemente se vê defrontado por vibrações subalternas que o golpeiam de rijo, compelindo-o à fadiga e à irritação, sejam elas provenientes de ondas enfermiças, partidas dos desencarnados em posição de angústia e que lhe partilham o clima psíquico, ou de oscilações desorientadas dos próprios companheiros terrestres desequilibrados a lhe respirarem o ambiente. Todavia tão logo se envolva nas vibrações balsâmicas da prece, ergue-se-lhe o pensamento aos planos sublimados, de onde recolhe as idéias  transformadoras dos Espíritos benevolentes e amigos, convertidos em vanguardeiros de seus passos, na evolução.
          Orar constitui a fórmula básica da renovação íntima, pela qual divino entendimento desce do Coração da Vida para a vida do coração.
          Semelhante atitude da alma, porém, não deve, em tempo algum, resumir-se a simplesmente pedir algo ao Suprimento Divino, mas pedir, acima de tudo, a compreensão quanto ao plano da Sabedoria Infinita, traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de traçado para o seu próprio aperfeiçoamento, de maneira a aproveitar o ensejo de trabalho e serviço no bem de todos, que vem a ser o bem de si mesma.
          MEDIUNIDADE E PRECE – A mediunidade, na ordem superior da vida, esteve sempre associada à oração, para converter-se no instrumento da obra iluminativa do mundo.
          Entre os egípcios e hindus, chineses e persas, gregos e cipriotas, gauleses e romanos, a prece, expressando invocação ou louvor, adoração ou meditação, é o agente refletor do Plano Celeste sobre a alma do homem.
          Orando, Moisés recolhe, no Sinai, os mandamentos que alicerçam a justiça de todos os tempos, e igualmente em prece, seja nas margens do Genesaré ou em pleno Tabor, respirando o silêncio de Getsêmani ou nos braços da cruz, o Cristo revela na oração o reflexo condicionado de natureza divina, suscetível de facultar a sintonia entre a criatura  e o Criador.

Do livro:  Mecanismos da Mediunidade 
Psicografia: Francisco Candido Xavier e Waldo Vieira
Pelo Espírito de : André Luiz

domingo, 7 de outubro de 2012

A Missão de Allan Kardec, a Reencarnação de Jan Hus (Jean Huss) - Nazareno Feitosa - CENOL 2012


Palestra "A Missão de Allan Kardec, a Reencarnação de Jan Hus (Jean Huss)" com Nazareno Feitosa (Comunhão/FeDF) no C. E. Nosso Lar, Gama, DF, 2012. Se você acha que esse vídeo pode ser útil para alguém, clique em "gostei/curtir" e compartilhe em suas redes sociais. Quanto mais votos positivos, mais facilmente ele poderá ser encontrado nas pesquisas.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O cérebro como intermediário - Forum Espirita

O cérebro como intermediário - Forum Espirita

Visão Espírita do Homem - Deolindo Amorim


Visão Espírita do Homem 
Deolindo Amorim





Já se sabe que o perispírito não é uma invenção do Espiritismo, como não é um conceito abstrato. É um elemento real, que tem propriedades e toma formas visíveis. Com o Espiritismo, entretanto, em virtude das experiências mediúnicas que já se acumularam até hoje, o estudo desse “corpo intermediário” necessariamente se tornou mais específico, permitindo que se lhe reconheçam propriedades relevantes no mecanismo psico-fisiológico. Além de outros autores, considerados clássicos na literatura espírita, Gabriel Delanne dedicou boa parte de seus trabalhos ao perispírito, e trouxe, por isso mesmo, uma contribuição significativa e ainda válida em toda a plenitude. Estudou ele, por exemplo, as “Provas da existência do perispírito - sua utilidade - seu papel”, no alentado livro O Espiritismo perante a Ciência. E, assim, em toda a obra de Delanne, realmente portentosa, há o que se estudar e pensar a respeito do perispírito. Não se precisaria fazer referência a outros, aliás bastante conhecidos no meio espírita, porque não temos objetivo de erudição nesta breve crônica jornalística. Queremos acentuar, sim, o perispírito ou mediador fluídico tem funções próprias no composto humano, não é uma criação imaginária...
Na antigüidade oriental, como na grega, como entre doutores da Igreja, admitiu-se claramente a existência de uma “substância”, um corpo, um elemento equivalente, afinal de contas, entre as duas realidades fundamentais: a matéria e o Espírito. Os nomes são diversos e, por isso, há uma infinidade de expressões para traduzir a significação do perispírito (terminologia do Espiritismo) no conjunto psicossomático. Existem até uns tantos preciosismos de linguagem, verdadeiras sutilezas verbais para dizer o que seja, no fundo, esse “corpo bioplásmico”, segundo a moderníssima denominação resultante de experiências realizadas na Rússia. Há contextos espiritualistas em que se encontra o perispírito, dividido ou apresentado sob outras rubricas, com as especificações que lhe são atribuídas. Mas o que é fundamental no caso é a existência, necessária, de um elemento que se interpõe no binômio corpo-espírito. A Doutrina Espírita prefere chamá-lo simplesmente de perispírito, com explicações acessíveis a todos os níveis de instrução.
Sob o ponto de vista histórico, entretanto, além do que já se encontra em velhas fontes orientais, como noutros ramos da literatura antiga, convém considerar que na Escolástica primitiva, muito influenciada por Platão e Agostinho, também se admitiu a constituição trinária do ser humano:
1) a alma habita numa casa que lhe é essencialmente estranha; o corpo é o albergue, o hábito, o recipiente, o invólucro da alma; além de semelhante imagem, é também usada a do matrimônio.
2) o corpo e a alma estão unidos por um “spiritus physucys”, que serve de intermediário;
3) corpo e alma estão unidos pela personalidade como em uma espécie de união hipostática.
(Barnarco Bartmann - “Teologia Dogmática” - I vol., Edições Paulinas)
Tão forte lhe parece a união da alma com o corpo, com a intercalação desse - “spiritus physucus”, que funciona como intermediário, que o Autor chega a compará-la a uma espécie de união hipostática, isto é, união do Verbo divino com a natureza humana. A idéia de um “invólucro” ou “intermediário”, uma vez que o Espírito precisa de um revestimento para que possa conviver com o corpo, faz parte dos contextos espíritas, sejam quais forem os nomes que se lhe dêem. É o perispírito, sem tirar nem por.
Como o perispírito, a reencarnação, por sua vez, também já teve adeptos na Igreja, embora contra ela se tenha pronunciado e firmado sentença o Concílio de Constantinopla. Mas o certo é que Orígenes, teólogo e exegeta, defendeu a tese da preexistência, o que, aliás, é fato muito citado. Outros teólogos, como se sabe, adotaram a tese “criacionista”, isto é, a criação da alma com o corpo ou para o corpo. Justamente nesse ponto, um dos maiores doutores de sua época - Santo Agostinho - se defrontou com dificuldades para conciliar a criação da alma com o “pecado original”. Quem o diz é ainda Bartmann, na mesma obra (já referida), e ele próprio, o autor de “Teologia Dogmática”, também encontra obscuridade. Vejamos: Se é incompreensível que a alma derive do ato corpóreo da geração, todavia também o criacionismo apresenta não pequenas dificuldades. Já Santo Agostinho não sabia explicar como a alma, criada por Deus, podia nascer com o pecado original. A dificuldade conserva seu valor também para nós. Outra dificuldade pode surgir da consideração de uma criação contínua até o fim do mundo, de um número incalculável de atos diretos de Deus. mas o ponto-chave do problema, como denuncia o Autor, está justamente nesta decorrência da tese “criacionista”: Pareceria, por fim, necessário admitir uma cooperação imediata de Deus, nas numerosas gerações manchadas pela culpa. Não se pode responder à primeira dificuldade senão recorrendo ao mistério do pecado original. E no mistério esbarra tudo, não há mais saída para o raciocínio...
Contrapondo-se à idéia da criação do Espírito juntamente com o corpo, a Doutrina Espírita propõe outra análise do problema, nestes termos:
“Donde vem a aptidão extranormal que muitas crianças em tenra idade revelam, para esta ou aquela arte, para esta ou aquela ciência, enquanto outras se conservam inferiores ou medíocres durante a vida toda?”
“Donde, em certas crianças, o instinto precoce que revelam para os vícios ou para as virtudes, os sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio em que elas nasceram?” (O Livro dos Espíritos - questão 222).
Se, realmente, o Espírito fosse criado por Deus no ato do nascimento, seria o caso de admitir, ainda que por absurdo, criação de indivíduos que nascem com tendências para a perversão ou para a delinqüência. Seria obra de Deus?!...
A tese da preexistência explica as inclinações inatas para o bem ou para o mal, embora a Doutrina Espírita não negue a influência fortíssima da educação, do meio social, da cultura e de outros fatores contingentes. Mas o Espírito, ao voltar à Terra, pela reencarnação, traz certa bagagem de conhecimentos, virtudes ou vícios, responsáveis pelo curso de sua existência, com todos os altos e baixos deste mundo. Deus não iria criar para a vida um Espírito que já estivesse marcado com as paixões inferiores. Todos começam “simples e ignorantes” - ensina a Doutrina - mas o próprio arbítrio, que é indispensável à experiência individual, pode desviar o Espírito da rota mais justa e levá-lo aos despenhadeiros morais. “Simples e ignorantes” é a expressão textual da Doutrina “O Livros dos Espíritos - questões 115-121-133-634. É o ponto de partida. Daí por diante, cada qual adquire sua experiência através das vidas sucessivas. É um princípio que nos faz compreender a responsabilidade individual, ao passo que, se admitíssemos a criação juntamente com o corpo, chegaríamos a esta conclusão a fatal: se a criatura é má, se abusa de suas faculdades ou de seus recursos para dar expansão a tendências viciosas, não é responsável por seu procedimento, uma vez que nasceu assim, foi criada assim por Deus, colocada no corpo, ao nascer, com todas as suas mazelas morais. No entanto, o princípio da responsabilidade individual é válido no tempo e no espaço, segundo o Espiritismo.
Outra, portanto, é a perspectiva da reencarnação, que já teve defensores no seio da Igreja, embora condenada, mais tarde, como heresia. O desenvolvimento do Espírito modifica o perispírito, e este, pela ação plasmadora, tem influência sobre o corpo. Como já vimos, não apenas Platão, luminar da constelação grega da antigüidade, esposou a concepção trinária do homem, mas entre escolásticos também houve partidários dessa concepção. O homem tríplice não desagrega a unidade básica do EU. Com esta visão antropológica, a Doutrina Espírita situa o homem na Terra, em relação ao presente e ao passado, apontando-lhe o caminho do futuro, sem ilusões nem quimeras.
(Obreiros do Bem - Agosto de 1976)

Tributo a Kardec

Kardec, obrigada pelo serviço prestado à humanidade, e pela inquebrantável certeza da substituição da fé cega pela fé raciocinada.


Obrigado Kardec.

Pelo espírito Irmão X

Kardec, enquanto recebes as homenagens do mundo, pedimos vênia para associar o nosso preito singelo de amor aos cânticos de reconhecimento que te exalçam a obra gigantesca nos domínios da libertação espiritual.
Não nos referimos aqui ao professor emérito que foste, mas ao discípulo de Jesus que possibilitou o levantamento das bases do Espiritismo Cristão, cuja estrutura desafia a passagem do tempo.
Falem outros dos títulos de cultura que te exornavam a personalidade, do prestígio que desfrutavas na esfera da inteligência, do brilho de tua presença nos fastos sociais, da glória que te ilustrava o nome, de vez que todas as referências à tua dignidade pessoal nunca dirão integralmente o exato valor de teus créditos humanos.
Reportar-nos-emos ao amigo fiel do Cristo e da Humanidade, em agradecimento pela coragem e abnegação com que te esqueceste para entregar ao mundo a mensagem da Espiritualidade Superior. E, rememorando o clima de inquietações e dificuldades em que, a fim de reacender a luz do Evangelho, superaste injúria e sarcasmo, perseguição e calúnia, desejamos expressar-te o carinho e a gratidão de quantos edificaste para a fé na imortalidade e na sabedoria da vida.

O Senhor te engrandeça por todos aqueles que emancipaste das trevas e te faça bendito pelos que se renovaram perante o destino à força de teu verbo e de teu exemplo!...
Diante de ti enfileiram-se, agradecidos e reverentes, os que arrebataste à loucura e ao suicídio com o facho da esperança; os que arrancaste ao labirinto da obsessão com o esclarecimento salvador; os pais desditosos que se viram atormentados por filhos insensíveis e delinqüentes, e os filhos agoniados que se encontram na vala da frustração e do abandono pela irresponsabilidade dos pais em desequilíbrio e que foram reajustados por teus ensinamentos, em torno da reencarnação; os que renasceram em dolorosos conflitos da alma e se reconheceram, por isso, esmagados de angústia nas brenhas da provação, e os quais livraste da demência, apontando-lhes as vidas sucessivas; os que se acharam arrasados de pranto, tateando a lousa na procura dos entes queridos que a morte lhes furtou dos braços ansiosos, e aos quais abriste os horizontes da sobrevivência, insuflando-lhes renovação e paz, na contemplação do futuro; os que soergueste do chão pantanoso do tédio e do desalento, conferindo-lhes, de novo, o anseio de trabalhar e a alegria de viver; os que aprenderam contigo o perdão das ofensas e abençoaram, em prece, aqueles mesmos companheiros de Humanidade que lhes apunhalaram o espírito, a golpes de insulto e de ingratidão; os que te ouviram a palavra fraterna e aceitaram com humildade a injúria e a dor por instrumentos de redenção; e os que desencarnaram incompreendidos ou acusados sem crime, abraçando-te as páginas consoladoras que molharam com as próprias lágrimas...

Todos nós, os que levantaste do pó da inutilidade ou do fel do desencanto para as bênçãos da vida, estamos também diante de ti!... E, identificando-nos na condição dos teus mais apagados admiradores e como os últimos dos teus mais pobres amigos, comovidamente, em tua festa, nós te rogamos permissão para dizer: Kardec, obrigado!... Muito obrigado!...


Psicografado por Francisco Cândido Xavier e publicado no Reformador de outubro de 1985, pg. 298.