segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Psicologia da doutrinação


Psicologia da doutrinação 


O doutrinador deve ler e reler, com atenção e persistência, a ESCALA ESPÍRITA em (O Livro dos Espíritos) para bem informar-se dos tipos de Espíritos com que vai defrontar-se nas sessões. A escala nos oferece um quadro psicológico da evolução espiritual, que podemos também aplicar aos encarnados. No trato com os Espíritos, o conhecimento desse quadro facilita grandemente a doutrinação. Os Espíritos inferiores usam geralmente de artimanhas para nos iludirem e se divertem quando conseguem, prejudicando-se a si mesmos e fazendo-nos perder tempo. Temos de encará-los sempre como necessitados e tratá-los com o desejo real de socorrê-los. Mas precisamos de psicologia para conseguirmos ajudá-los. A tipologia que a Escala nos oferece é de grande valia nesse sentido. Por outro lado, a leitura dos casos de doutrinação relatados por Kardec na Revista Espírita nos oferece exemplos valiosos de como podemos nos conduzir, auxiliados pelos Espíritos protetores da sessão, para atingir bons resultados.
A prática da doutrinação é uma arte em que o bom doutrinador vai se aprimorando na medida em que se esforça para dominá-la. Enganam-se os que pensam que basta dizer aos Espíritos que eles já morreram
para os sensibilizar. Não basta, também, citar-lhes trechos evangélicos ou fazê-los orar repetindo a nossa prece. É importante também explicar-lhes que se encontram em situação perigosa, ameaçados por Espíritos malfeitores que podem dominá-los e submetê-los aos seus caprichos. A ameaça de perda da liberdade os amedronta e os leva geralmente a buscar melhor compreensão da situação em que se encontram. Mas não se deve falar disso em tom de ameaça e sim de explicação pura e simples. Muitos deles já estão dominados por Espíritos maldosos, servindo-lhes de instrumentos mais ou menos inconscientes. O médium que recebe a entidade sente as suas vibrações, percebe o seu estado e pode ajudar o doutrinador, procurando absorver os seus ensinos. Através da compreensão do médium o Espírito sofredor ou obssessor é mais facilmente tocado em seu íntimo e desperta para uma visão mais real da sua própria situação. Doutrinador e médium formam um conjunto que, quando bem articulado, age de maneira eficiente para a entidade. 
O doutrinador deve ter sempre em mente todo esse quadro, para agir de acordo com as possibilidades oferecidas pela comunicação do Espírito. Com os Espíritos rebeldes, viciados na prática do mal, só a tríplice conjugação da autoridade moral do doutrinador, do médium e do Espírito protetor poderá dar resultados positivos e quase sempre imediatos. Se o médium ou o doutrinador não dispuser dessa autoridade, o Espírito se apegará à fraqueza de um deles ou de ambos para insistir nas suas intenções inferiores. Por isso Kardec acentua a importância da moralidade na relação com os Espíritos. Essa moralidade, como já dissemos, não é formal, mas substancial, decorre das intenções e dos atos morais dos praticantes de sessões, e não apenas nas sessões, mas também em todos os aspectos de suas vidas.
Os Espíritos sofredores são mais facilmente doutrinados, pois a própria situação em que se encontram favorece a doutrinação. Se muito erraram na vida terrena, permanecendo por isso em situação inferior, o fato de não se entregarem à obsessão depois da morte já mostra que estão dispostos a regenerar-se. Só a prática abnegada da doutrinação, com o desejo profundo de servir aos que necessitam, dará ao médium e ao doutrinador a sensibilidade necessária para distinguir rapidamente o tipo de Espírito com que se defrontam. O doutrinador intuitivo aprimora rapidamente a sua intuição, podendo perceber, logo no primeiro contato, a condição do Espírito comunicante. A psicologia da doutrinação não tem regras específicas, dependendo mais da sensibilidade do doutrinador, que deverá desenvolvê-la na prática constante e regular. Mesmo que o doutrinador seja vidente, não deve confiar apenas no que vê, pois há Espíritos maus e inteligentes que podem simular aparências enganadoras, que a percepção psicológica apurada na prática facilmente desfará. Não é preciso ser psicólogo para doutrinar com eficiência, mas é indispensável conhecer a ESCALA ESPÍRITA, que nos dá o conhecimento básico indispensável.
Herculano Pires.

                                
COMO DOUTRINAR

Perante os Espíritos perturbados, pensemos primeiro na nossa situação íntima antes de dialogar com eles - apresentam eles o resultado do desacato às soberanas leis do  equilíbrio ora colhidos pela dor.
Vêm em busca de auxílio (embora muitas vezes não tenham consciência disso).
"Dialoguemos com a ternura de um irmão e o respeito de um amigo."
Socorrê-los é o objetivo da doutrinação.
O amor que lúcida em ti e te apazigua, leni-os-á e o argumento sincero,  sem floreios nem azedume despertá-los-á." Joanna de Ângelis
Diante deles, portanto, os desencarnados que sofrem, coloquemo-nos na posição de  quem usa a terapêutica do amor em si mesmo. Eles não são seres diferentes de nós, são iguais, e os problemas por sua equivalência, merecem o mesmo tratamento. Carregam as mesmas virtudes e defeitos que assinalam a posição evolutiva de todos nós.
 A população da erraticidade inferior difere pouco da população terrestre. Todo conceito nobre ajudá-los-á se os tivermos incorporados ao nosso comportamento cotidiano, porque eles nos acompanharão a verificarem se falamos a verdade, se vivemos o que falamos.
Não serão apenas as palavras que irão convencer o irmão obsessor, mas todo sentimento solidário, sincero, amoroso, de todo o grupo.
Nesse trabalho de resgate, a solidariedade precisa ser exercida para que o
socorro se efetue real. Participando das reuniões caridosas de intercâmbio com sofredores  desencarnados, aprende-se a aquilatar o valor do amor. Percebe-se a "não-violência“  poderosa do amor, o resultado dos fluidos magnéticos manipulados pelos sentimentos e, acima de tudo, a magia sublime da presença de Jesus, pelos laços criados através da oração.
É a atividade do coração. Não há espaço para meias-verdades, indiferença ou comodismo.
Em toda doutrinação há de se levar em conta a conduta espírita e a
responsabilidade moral do doutrinador, porquanto, a instrução que não se faz acompanhar do exemplo não possui a tônica da verdade. Colocamos como essenciais as virtudes:
. Formação doutrinária;
. Conhecimento evangélico;
. Autoridade moral;
. Psicologia cristã;
. Ética e método;
. Paciência e humildade;
. Fato e prudência;
. Fé e serenidade;
. Sensibilidade;
. Amor.
E ainda é preciso que haja, da parte do doutrinador, muita abnegação, a fim de que o trabalho que os amigos invisíveis realizam por nosso intermédio, tenha base segura.
Na formação dos quadros fluídicos, sentimos essa contribuição.
São arquitetos espirituais que fazem parte de reunião de esclarecimento que quando bem conduzidas, temo-los operantes, eficientes, manipulando a matéria mental necessária à formação dos quadros educativos, retirando dos médiuns os recursos imprescindíveis à criação de formas pensamento quais sejam: paisagens, telas, com objetivo à transformação dos Espíritos dementados que buscamos socorrer. se debate.
 Muitos necessitam para que se recuperem, do concurso de  imagens vivas sobre as impressões descontínuas, frustrantes, infelizes a que se recolheram . É assim que se formam jardins, fontes, cachoeiras, quadros outros através da força mental do grupo, que é manipulada pelos desenhistas na organização de fenômenos que possam revitalizar a visão, a memória, a audição e o tato dos Espíritos ainda em trevas mentais.
O diálogo na doutrinação vai se desenvolvendo a partir de uma espécie de
monólogo, pois, no princípio é preciso deixar o Espírito falar para que informe sobre si mesmo.
O doutrinador, apenas ele, deve conduzir a conversa sem apartes por parte dos médiuns, pois é sobre o doutrinador que atuam os mentores (pode acontecer o doutrinador indicar um companheiro para o diálogo).
Os médiuns devem se manter atentos à conversação, mas sem nela se envolverem nem  mesmo por palavras pensadas.
E o diálogo prossegue. Os elementos para  se formar um juízo vão seguindo seu curso. Quais as fixações do Espírito? Todo processo obsessivo tem o seu núcleo: traição - vingança - desamor – violência . E o doutrinador, com habilidade, vai mudando o rumo de seus pensamentos,  permitindo que ele fale também.
Além das fixações penosas, os Espíritos conturbados costumam apresentar cacoetes  sob a forma de contrações, tudo ligado ao problema anterior que os atormenta.
Por muitas, inúmeras vezes, o doutrinador tem de recorrer à prece.
A prece tem o poder de fazer calar a imensa maioria dos Espíritos desajustados, mesmo os mais violentos. Muito raramente procuram eles perturbar a prece - geralmente,
ouvem-na em silêncio. Alguns, entretanto, zombam, tentam dramatizar, ironizar, riem.
Na verdade, têm medo da emoção que os leva à crise e da crise que os leva à dor que os espera no longo caminho de volta.
Temos ainda o recurso do passe, que deve ser dado no momento certo.
Passe para serenar, adormecer, sensibilizar.
Quando acontece de um Espírito chegar agressivo, ameaçador, devemos apaziguá-lo, levando-o a quebrar o terrível círculo vicioso É ter paciência e esperar  - a cólera passa, pois é difícil sustentá-la contra quem não nos oferece resistência.
O melhor argumento ante um Espírito recalcitrante, com ideia fixa de vingança, não é pedir que perdoe ou esqueça (isso costuma revoltá-lo ainda mais), é dizer que agindo assim ele está cada vez mais se afastando da sua destinação como Espírito eterno -O Bem.
 Ao desejar a vingança ele se afasta dessa estrada.
A fase da aceitação chega por pequeninos e quase imperceptíveis sinais:
- ouvem-nos mais;
- abaixam o tom de voz;
- menor agressividade.
Se o Espírito se mantiver avesso às apreciações do doutrinador devemos pedir a colaboração dos mentores, para que ele seja encaminhado a organizações adequadas na erraticidade.
Utiliza-se a hipnose benéfica, serenando o Espírito perturbado, afastando-o do organismo medianeiro pelo passe anestesiante.
Nós espíritas temos 3 tipos de adversários no Além:
1º - nossos adversários pessoais do passado;
2º - os adversários daqueles a quem pretendemos ajudar - o que é natural;
3º - os adversários da causa do bem que querem a promiscuidade que aí está.
As doutrinações são terapias de longo curso.
Só o amor é antídoto para o ódio. O tempo passa e o amor com que plantamos nossa vida - convence.
Hermínio Miranda encerra [Diálogo com as sombras] com esta frase;
- "Se me fosse pedido o segredo da doutrinação diria apenas uma palavra -
amor.
"ALGUMAS QUESTÕES PRÁTICAS

Selecionamos algumas questões que merecem análise:
a) É importante para o esclarecimento, o doutrinador saber o nome do Espírito comunicante?
- Se for um Espírito familiar sim, como identificação. Mas o nome pouco importa e pode acontecer o Espírito leviano usar um nome falso.
b) Como o doutrinador deve proceder quando manifestarem-se Espíritos que,
procurando desarmonizar o ambiente, incitam o médium ao uso de palavras chulas, grosseiras, rudes?
- Cabe ao doutrinador cortar imediatamente tais vocabulários que não irão
beneficiar ninguém; pedindo ao Espírito que se retire, volte quando se achar em condições  de manter um diálogo menos grosseiro. Isso pode acontecer quando o Espírito encontra no cérebro do médium este tipo de arquivo. O relacionamento médium x doutrinador deve ser de  estima e respeito; daí, o doutrinador conversar com o médium no sentido de um esforço maior na sua mudança íntima.
c) Pode o doutrinador usar de energia com o Espírito comunicante?
- Quando isso se faz necessário, sim. Muitas vezes a doutrinação exige atitude enérgica, firme - que não está no tom da voz mas naquilo que dizemos. A única autoridade legítima é a que se estrutura na moral.
 A única autoridade legítima é a que se estrutura na moral. Os Espíritos sentem essa autoridade e se dobram a ela em virtude da força moral de que disponha o doutrinador, força moral que só é conseguida através de uma vivência evangélica.
d) A faculdade de ver Espíritos pode ajudar na doutrinação?
- Somos daqueles que pedem cautela na vidência, pois não podemos ter absoluta confiança no que eles apresentam. Espíritos maus e inteligentes facilmente podem simular aparências enganadoras manipulando os fluidos. A percepção apurada na prática desfará os enganos, e acresce que qualquer consideração, no decorrer da doutrinação, prejudica mais  do que ajuda. E mais: cada médium vê dependendo da faixa vibratória em que se encontra.
e) Precisa o doutrinador fazer com que o Espírito conheça sua condição de
desencarnado ao iniciar o diálogo?
- Há de se perguntar: quem de nós está em condições de receber a notícia de que vai morrer amanhã, com a serenidade que seria de se esperar? Dizer ao Espírito que deixou a família, que foi colhido pelo fenômeno da morte física, necessita habilidade a fim de evitar-lhe "choques da alma“.
É ato de invigilância e às vezes de leviandade dizer-lhe que já não tem o corpo físico sem o devido preparo para tanto.
A tarefa da doutrinação é consolar.
f) Para onde vão os Espíritos que são doutrinados? O que acontece a eles?
- São muitos os caminhos que se abrem diante deles. Geralmente, são levados a um
local de repouso e tratamento.
Trabalhadores espirituais os conduzem à reeducação.
Quase todos precisam mergulhar numa nova reencarnação, quanto antes, e assim que
estejam em condições, começa-se o preparo para o recomeço.
Muitas vezes ainda, o trabalho de doutrinar continua no plano espiritual.
Espíritos amigos já disseram que verdadeiras sessões mediúnicas são realizadas com
médiuns desdobrados pelo sono físico.
As doutrinações se projetam ao longo dos dias e seguem nas realizações da noite,
quando, em desdobramento, acompanhamos os mentores nos contatos e nas tarefas que sedesenrolam no mundo dos Espíritos.
Bibliografia
1) Diálogo com as sombras - Hermínio C. Miranda
2) Correnteza de Luz - Camilo/Raul Teixeira
3) Leis Morais da Vida - Joanna de Ângelis/Divaldo P. Franco
4) Diretrizes de Segurança - Divaldo P. Franco e Raul Teixeira
5) Vozes do Grande Além - Espíritos Divers

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