segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

JESUS EM NÓS - CHICO XAVIER – PROGRAMA HEBE


JESUS  EM  NÓS

Entrevista concedida a Hebe, em rede nacional, na TV Bandeirantes, na noite de 20 de dezembro de 1985, com a participação da atriz Nair Bello.

INTEGRA  DA  ENTREVISTA



HEBE
- Chico, você é uma criatura que em toda a sua vida não fez outra coisa, se não o bem, doar-se ao próximo.
Nunca houve um momento na sua vida em que você dissesse assim: estou cansado, vou parar, não quero mais me preocupar com o meu semelhante...
CHICO
- Hebe, a sua bondade é imensa; eu devo dizer que não me sinto na condição de alguém que fez ou faz o bem, mas, durante toda a minha vida, procurei sempre cumprir com o meu dever diante da comunidade e diante da minha própria consciência.
Então, tenho, graças a Deus, muita tranqüilidade em minha vida interior.
HEBE
- Chico, quais as transformações no mundo desde o nascimento de Jesus?
CHICO
- Os espíritos amigos sempre me explicam que as transformações da Terra, desde o tempo de Jesus, são gradativas.
Essas transformações ainda não se complementaram, porque o mundo precisava estabelecer para a sua própria felicidade muitas renovações que eram difíceis e a lei de Deus não permite violência. Então, essas transformações vêm sendo efetuadas de tempos a tempos, de época para época.
Essas transformações que nós vemos, toda melhoria espiritual da Humanidade, decorrem do tempo de Jesus para cá: os hospitais, as penitenciárias, os processos de trabalho, o relacionamento das pessoas umas com as outras, a felicidade na vida doméstica.
Todas essas transformações nós devemos a Jesus, conquanto, muitas vezes, quando estamos nos ápices da inteligência, nós não queiramos reconhecer. Mas as transformações do tempo de Jesus até nós são imensas, mas exigiriam muito tempo para
serem minudenciadas.
HEBE
- Alguém já falou que, ao seu lado, a gente tem a sensação de estar em contato com Jesus. Eu gostaria que você transmitisse essa sensação aos nossos telespectadores, porque você é exatamente a conexão da Terra com o Mundo onde estão nossos entes queridos que já partiram...
CHICO
- Você é sempre maravilhosa, porque a sua bondade transparece de todas as suas palavras. Eu não posso ter a presunção de um laço tão íntimo assim com Nosso Senhor Jesus Cristo; eu tenho a fé que o cristão procura e deve cultivar naquele que realmente é a luz dos nossos caminhos.
Logo depois do nascimento de Jesus, houve, existiu uma figura que sempre me impressionou muito; ela é descrita no versículo 25 do capítulo 2 do Evangelho do Apóstolo São Lucas. É a figura de Simeão que viveu talvez mais de 80 anos esperando Jesus.
Quando soube que uma criança tinha sido levada ao templo para ser registrada, Simeão foi ao templo verificar e quando contemplou os olhos de Jesus, ele, então, disse:
- “Senhor, agora despede em paz teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos viram a salvação.”
Esse homem se chamava Simeão e era um grande varão do templo apostólico e que passou para a vida espiritual logo depois de fixar os olhos em Jesus, Jesus recém-nascido.
Então, eu penso como teriam sido felizes aqueles que realmente viram os olhos de Jesus, porque, por mais que eu busque no Evangelho alguém que tenha visto diretamente os olhos de Nosso Senhor Jesus Cristo recém-nato, eu não encontro ninguém, além do grande Simeão que, já numa velhice muito avançada, contemplou os olhos do menino e disse:
- “Senhor, despede em paz o teu servo, porque os meus olhos já viram a salvação.”
Eu imagino a beleza e a luminosidade dos olhos de Nosso Senhor Jesus Cristo, mesmo recém-nascido, iluminando os nossos caminhos, porque o próprio Simeão, na saudação que pronunciou, disse:
- “Eis que Ele veio para alumiar os nossos caminhos.”
E a gente nota que todas as comunidades, todos os grupos sociais que se afastam de Jesus, como que entram numa certa perturbação (parece-nos, mas este verbo não é bem próprio).
A gente compreende que sem Jesus a nossa vida não tem significação, a significação exata que deveria ter e nós nos perdemos, nos tresmalhamos, porque estamos sem aquela bússola que nos indica o caminho.
NAIR
- Bom, para alegrar um pouquinho o ambiente, já que nós estamos chorando desde que começou o programa, porque o Chico Xavier transmite uma emoção tão grande, como a Hebe falou, que a gente não consegue nem falar...
Agora, neste mês de dezembro, vai fazer 10 anos que o meu filho morreu.
Depois de um ano e meio, após várias idas a Uberaba, eu tive a graça de receber uma carta psicografada de 90 páginas naquela noite, não é Chico? E com muitos detalhes, com muitas coisas lindas.
Claro que eu fico comovida, desculpem-me, mas para mim foi muito bom, porque eu aprendi com Chico Xavier, e com a mensagem também, que a gente tem, mais que tudo na vida, é que ter fé em Deus.
Então, o Chico, mais do que a mensagem, me ensinou isso: que se você tem família, se você tem outros filhos, você tem que fazer até uma força sobre-humana para superar a dor que é a perda de um filho, para o resto da família não sentir.
CHICO
- É verdade.
NAIR
- Você estava falando sobre Jesus Cristo e eu quero perguntar de que modo ficam as pessoas que não acreditam em Jesus, qual ocorre com os Judeus, por exemplo.
CHICO
- Eu tenho aprendido com os amigos espirituais que o Antigo Testamento é o símbolo do homem batendo às portas da providência Divina, pedindo uma revelação de luz para que a estrada da criatura humana seja iluminada, e que o Novo Testamento é a resposta da Divina Providência ao homem, muitas vezes, desesperado e se dando a esse caminho.
Os profetas significam a pergunta e Jesus a resposta.
Então, eles ensinam, esses amigos da Espiritualidade, que nós devemos considerar os antigos profetas como nossos antepassados autênticos, aqueles que nos deram bases para que fosse feita a genealogia de Nosso senhor Jesus Cristo, aqui na Terra, sabendo nós que Ele é considerado filho de nossa Mãe Santíssima, Maria de Nazaré, da tribo de Davi.
Nós devemos aos nossos antepassados o maior respeito e no texto de Isaías, no Antigo Testamento, existem trechos que são absolutamente proféticos, anunciando aquele que viria até nós para se sobrecarregar de nossas dificuldades, para liquidá-las.
Basta que se leia o livro de Isaías, para que vejamos a importância do Judaísmo e que o Cristianismo é filho do Judaísmo. Consequentemente, portanto, nós não poderemos encontrar diferença nenhuma, mas sim, um respeito muito grande para com aqueles que sofreram e lutaram para que Jesus viesse até nós.
HEBE
- Chico Xavier, nós estamos muito preocupados com o mundo hoje.
Eu não sei, essas enchentes, de repente, secas terríveis, terremotos, as últimas catástrofes que aconteceram no México, na Colômbia, nos Estados Unidos, será que tudo isso que está acontecendo agora, está realmente chegando o fim e nós ainda não nos apercebemos ou isto é um alerta, porque está enfraquecendo a fé que sempre existiu nos povos e, de repente, a falta de fé, talvez, esteja levando o mundo a estas coisas tão catastróficas que estão acontecendo.
CHICO
- Hebe, muitas vezes nós falamos em fim do mundo, mas a verdade é que se houver um fim do mundo, esse fim do mundo se debitará à ambição e ao ódio entre os homens, mas não a uma ordem divina.
Vejamos bem a questão dos armamentos.
Os armamentos são cada vez mais especializados para veicular a morte de milhões de pessoas. Então, o homem não tem o que indagar sobre o fim do mundo, porque qualquer transformação mais trágica do mundo virá do homem e não da bondade de Deus.
Agora, sobre os nossos tempos, nós vamos pensar num problema que deve ser examinado.
Nós estamos no término de um milênio, o segundo milênio da vida cristã. Este segundo milênio foi caracterizado por guerras quase que constantes, sendo que a primeira durou 195 anos em que os homens se exterminaram uns aos outros, criando dificuldades cármicas muito grandes para a humanidade. Foram as guerras das cruzadas.
Elas persistiram pelo espaço de quase 200 anos, de 1098 a 1229, de mais ou menos por aí, de modo que começou a guerra entre os cristãos e os não cristãos.
E as lutas foram terríveis.
De acordo com as possibilidades bélicas daquele tempo, no princípio do milênio, elas foram tão cruéis quanto as de agora em que a inteligência humana refinou o processo de extermínio.
De modo que tivemos guerras numerosas, entre as quais, vamos destacar uma que durou cem anos, entre a França e a Inglaterra, no século XIV e no século XV.
Essas guerras não foram brincadeira.
As criaturas humanas adquiriram fichas cármicas muito dolorosas, porque tudo aquilo que nós semeamos, nós devemos colher.
Então, no fim deste século, nós estamos colhendo o que nós temos semeado, quase que desde o princípio.
Tivemos, agora, ao que nos parece, se é verdade o que a Imprensa veiculou sobre o encontro de Genebra*, os maiores estadistas, os chefes das superpotências, eles combinaram que não se deve endossar nem praticar a guerra nuclear, porque nessa guerra nuclear não haverá vencedores.
Isto já é o princípio de uma bênção de Nosso Senhor Jesus Cristo para sossegar a fúria do ódio entre as Nações e atenuar os sofrimentos criados elos próprios homens sobre as suas próprias cabeças.

HEBE
- Mas Chico, paira sobre nossas cabeças a profecia de uma terceira guerra...
CHICO
- Tudo indica que se não trabalharmos coletivamente com todos os meios ao nosso alcance para que isto seja evitado, de fato uma nova calamidade pode ocorrer sobre nós.
Agora, vamos fazer a força possível para que isto não aconteça ou que aconteça pelo mínimo, se é que nós não podemos estar livres de débitos tão grandes.
De modo que se nós pudéssemos incentivar o princípio da paz em todos os lugares, em todos os corações, se nós conseguíssemos levar a mensagem de Nosso senhor Jesus Cristo sem reparação, sem dogmas, sem qualquer idéia de hegemonia de interpretação de um ponto de vista religioso sobre outro, se nós pudéssemos levar para frente aquela bandeira que ele nos deu, declarando positivamente:
- Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei.
Ele não esperou por nosso amor e nem espera por nosso amor. Ele ama e, por isto não dos abandona.
Depois de toda a tragédia do calvário, quando Ele volta ao convívio dos seus companheiros, Ele diz:
- estarei convosco até o fim dos séculos.
Ele não se queixa, não se lamenta. Ele não acusa ninguém.
Não há notícia no Evangelho de que Jesus tenha voltado do Reino Espiritual, onde Ele é a luz refletindo o próprio Deus; não consta no Evangelho que ele tenha vindo reclamar contra Pedro ou contra Tiago (esperando que me desculpe esta intimidade, porque devemos dar os títulos merecidos às personalidades do Evangelho), Ele não recriminou companheiro algum pela deserção. Ele apenas disse:
- Estarei convosco até o fim dos séculos.
HEBE
- Você tem noção, Chico, de tudo o que você representa para todos nós do mundo?
CHICO
- /ah, eu represento aquilo que um pé de grama representa, numa cancha de futebol. Um pé de grama desaparece, outro aparece, se entrar um animal naturalmente vai consumir aquela grama.
Há pouco tempo uma senhora de Goiânia me trouxe um livro e me disse: eu vou pedir a você para verificar, porque este autógrafo está adulterado – está assinado Cisco Xavier.
Então eu disse a ela:
- Não senhora, fui eu mesmo que assinei sim, porque eu me sinto como um cisco ou, então, como uma lata de cisco. Eu assinei Cisco Xavier, achei que era mais próprio.
NAIR
- O Chico é muito bem-humorado, é que a gente está acostumada a só levar o assunto sério, bater papo sério, mas o Chico gosta de piadas. Claro, ele gosta de piadas, de dar risadas.
CHICO
- Estamos rindo agora de um pé de capim.
NAIR
- Chico, um filho excepcional é um carma, uma prova para os pais?
CHICO
- Nair, a criança excepcional sempre impressionou pelo sofrimento de que ela é portadora, não somente em se tratando dela mesma, mas, também, dos pais e isso tem sido tema de várias conversações minhas com nosso Emmanuel, que é o guia espiritual de nossas tarefas, e ele, então, diz que, regra geral, a criança excepcional é o suicida reencarnado, reencarnado depôs de um suicídio recente, porque a pessoa quando pensa que se aniquila, está apenas estragando ou perdendo a roupa que a Providência Divina permite de que ela se sirva durante a existência, que é o corpo físico.
A verdade é que ela em si é um corpo espiritual; então, os remanescentes do suicídio acompanham a criatura que praticou a autodestruição para a vida do Mais Além.
Lá ela se demora algum tempo amparada por amigos que toda criatura tem, afeições por toda parte, mas volta à Terra com os remanescentes que ela levou daqui mesmo, após o suicídio.

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*Recente encontro entre os estadistas das duas potências

Se uma pessoa espatifou o crânio e se o projétil atingiu o centro da fala, ela volta com a mudez. Se atingiu apenas o centro da visão, ela volta cega, mas se atingiu determinadas regiões mais complexas do cérebro, ela vem em plena idiotia e aí os centros fisiológicos não funcionam.
A Endocrinologia teria de fazer um capítulo especial para estudar uma criança surda, muda, cega, paralítica, porque aí a criatura feriu a vida no santuário da vida que é a parte mais delicada do cérebro.
Se ela suicidou-se, mergulhando-se em águas profundas, ela vem com a disposição para o enfisema, um enfisema infantil ou da mocidade, ou dos primeiros dias de vida.
Se ela, por exemplo, se enforcou, ela vem com a paraplegia, depois de uma simples queda que toda criança cai do colo da ama, do colo da mãezinha; então, quando o processo é de enforcamento, a vértebra que foi deslocada, no enforcamento, vem mais fraca e, numa simples queda, a criança é acometida pela paraplegia.
E nós vamos por aí.
Outras crianças que vêm completamente perturbadas; a esquizofrenia, por exemplo, diz-se que é o suicídio, depois do homicídio. O complexo de culpa adquire dimensões tamanhas que o quimismo do cérebro se modifica e vem a esquizofrenia como uma doença verificável, porque através dos líquidos expelidos pelo corpo é possível detectar os princípios de esquizofrenia.
Mas a esquizofrenia é o homicida que se fez suicida, porque o complexo de culpa é tão grande, o remorso é tão terrível que aquilo se reflete na própria vida física da criatura durante algum tempo ou muito tempo.
HEBE
- Mas uma criança retardada, ela sente o que a mãe e o pai falam para ela! Por exemplo, palavras de amor, palavras sem amor, bruscas, elas sentem?
CHICO
- Sentem, sentem e ouvem; registram e sabem de que modo estão sendo tratadas; elas são profundamente lúcidas na intimidade do próprio ser.
A criança vem somente com aqueles que têm capacidade para amá-la e ajuda-la a passar aquele transe temporário de 13, 20, 30 anos. Geralmente os excepcionais desencarnam muito cedo.
Certa feita uma senhora em Uberaba nos procurou e disse:
- Eu sou mãe dessa criança excepcional; eu me sinto uma criatura amarga, eu sofro muito com isso, o que é que Emmanuel diz para mim?
Eu lhe disse assim:
- Minha filha, a maternidade é um privilégio que Deus concedeu à mulher; então, toda mulher desfruta deste privilégio da Providência Divina, mas os filhos excepcionais são confiados tão-somente às grandes mulheres que têm capacidade de amar até o infinito.
NAIR
- Chico, conte-me uma coisa: existirá significado especial no nome de Jesus – você poderia citar, para todos nós, um fato pessoal do seu conhecimento?
CHICO
- Eu peço licença para contar alguma coisa a respeito.
Aí por volta de 1953 até 1959, quando mudamos para Uberaba, nós sempre, desde muitos anos, fazíamos assistência, uma assistência carinhosa de levar uma oração ou a expressão de fraternidade a doentes, a necessitados, quando uma senhora nos pediu para visitar a irmã dela que tinha se tornado hemiplégica e muda.
A moça tinha uns 40 anos, chamava-se Valéria.
Então, fomos a primeira vez; nós fazíamos sempre aos sábados nossas visitas.
Íamos visitar Valéria, levávamos um pedaço de bolo, algumas balas, isso que se dá a uma criança, porque a gente não podia fazer mais, mas visitávamos Valéria com muito carinho; eram diversas casas e ela, Valéria, estava numa delas. A irmã dela chamava-se D. Laura.
A casa se erguia num lugar onde em Pedro Leopoldo se construiu o recinto das exposições pecuárias; eu estou explicando, porque alguém na minha cidade poderá perguntar onde estava esta casa; estava num lugar onde está hoje o recinto das exposições pecuárias.
Então, todos os sábados, durante uns seis anos, visitávamos Valéria e levávamos uma prece e ela guardava um pedaço de bolo debaixo do travesseiro. A irmã dela, a dona da casa, muito distinta, muito amiga, nos recebia com muito carinho.
Num sábado, eu fazia a prece; no outro sábado, outro amigo fazia a prece; no outro uma senhora fazia a prece, e, assim, estávamos há uns seis anos, quando Valéria foi acometida por uma gripe pneumônica muito séria e D. Laura chamou um médico e o médico avisou que ela estava às portas de uma pneumonia e a pneumonia se manifestou.
A pneumonia se manifestou e nós chegamos no sábado, ela estava muito abatida e todas as vezes que nós íamos, eu falava:
- Valéria, agora você fala Deus (Ela lutava muito para falar, porque ela entendia tudo, mas não conseguia).
Eu falava assim:
- Jesus, Valéria!Ela fazia força, mas a língua enrolava e ela não conseguia; isso se repetiu mais de seis anos, mas neste sábado, a pneumonia..., eu falei:
- D. Laura, ela está com febre muito alta, o que diz o médico?
- Bem, o médico que está tratando já deu bastante antibiótico e ela está bem medicada.
E eu falei assim: - Está bem, agora, ao invés de virmos aos sábados, viremos todos os dias.
E ela sempre piorando. Então, num sábado, no último sábado, depois que fizemos a prece, eu falei:
- Valéria, fala Jesus, fala Deus!
E ela: ã, ã, ã, ã, ã, mas não falava. Eu falei:
- Valéria, Jesus andou no mundo, curou tanta gente, tantos iam buscá-lo nas estradas, na casa onde ele permanecia, e pediam a ele a graça da melhora, da cura, e foram curados.
- Lembra de Jesus andando e você caminhando, embora você não esteja caminhando há tantos anos, lembre de você caminhando e chegando aos pés dele e dizendo: Jesus! Fale Jesus!
Aí ela falou:
- Josusu, Josusu!
Eu falei:
- Meu Deus, mas que alegria, Valéria falou o nome de Jesus, que coisa maravilhosa! D. Laura, venha cá para a senhora ver!
Ela com muita febre, mas ficou satisfeita falando:
- Josusu! Josusu!
E não me esqueço daquele nome vibrando nos meus ouvidos.
Eu falei:
- Ela vai melhorar, ela está falando Jesus, D. Laura.
Nós todos muito alegres, ela sorrindo, mas desinteressada do bolo que tínhamos levado, a febre muito alta. Eu falei:
- Valéria, repete, eu estou tão interessado de ver você falar o nome de Jesus. Fale Jesus, Jesus!
Ela falou:
- Josusu! Josusu!
Mas dando todas as forças.
Aí, eu falei:
- Se Deus quiser, ela está muito melhor.
Mas, no outro dia de manhã, chegou a notícia de D. Laura de que Valéria tinha falecido pela manhã, tinha desencarnado.
Fomos para lá, e tal, e lembramos muito daquela amiga que estava partindo. Comoveu-nos muito e sofremos bastante, porque ela era muito, era muito querida, uma criatura que não falava, mas tinha gestos extraordinários.
- O –
Mas os anos rolaram, os anos passaram e eu mudei para Uberaba e, em 76, fui vítima de um enfarte, enfarte que me levou ao médico, que me hospitalizou em casa. Disse-me assim:
- Não, você pode conturbar o ambiente do hospital com visitas, é melhor você ficar hospitalizado em casa, a porta do quarto ficará com acesso apenas a esta senhora que é enfermeira.
É uma senhora que está conosco de nome D. Dinorá Fabiano.
Então, D. Dinorá era a única pessoa que entrava, para eu ficar 20 dias mais ou menos imóvel e eu fiquei, mas isso não impedia que os espíritos me visitassem e, então, muitos amigos desencarnados de Pedro Leopoldo, de Uberaba, entravam assim à tarde ou à noite e eu conversava em voz alta.
E eu falei:
- D. Dinorá, quando a senhora me encontrar falando sozinho, a senhora não se impressione, eu estou conversando com alguém.
Ela falou:
- Não, eu compreendo, eu compreendo.
Ficou naquilo, não é?
E uma tarde entrou uma moça muito bonita (no quarto havia sempre uma cadeira perto da cama).
Ela entrou, eu falei em voz alta:
- Pode fazer o favor de sentar.
Ela falou:
-Você não está me reconhecendo?
Eu falei:
- Olha, a senhora vai me perdoar, eu tenho andado doente com problemas circulatórios e eu estou com a memória estragada e eu não estou me lembrando.
Mas era uma desculpa, era porque eu não estava reconhecendo mesmo. Então, ela falou assim:
- Mas nós somos amigos, eu quero tão bem a você.
Era uma moça morena, muito bonita; aí eu falei:
- Olha, eu não posso assim, de momento, fazer muito esforço de memória, porque o médico me recomendou repouso mental. Minha senhora, faça o favor de dizer o nome.
Ela falou assim:
- Não, eu não vou dizer, eu quero ver se você lembra; eu sou uma de suas amizades de Pedro Leopoldo.
Eu falei assim:
- Então, a senhora pode falar; se a senhora falar Maria ou Alice, eu conheço tantas. Então fale o sobrenome da família, porque pela família eu vou saber.
Ela falou assim:
- Não, eu não vou falar, eu vou falar um nome só; quando eu falar, você vai lembrar quem é que sou.
Eu falei:
- Então, a senhora faz o favor, fala o nome, o nome que a senhora quer falar e ela foi e falou assim:
- Josusu!
Eu falei:
- Meu Deus, é a Valéria! Meu Deus, Valéria, como você está bonita! Eu não mereço a sua visita.
Ela disse:
- Mas eu vim lembrar os nossos sábados, em que nós orávamos tanto. Eu lembrei da última palavra e eu vim te trazer confiança em Jesus.
(Chico relata o episódio muito emocionado).
Pôs a mão no meu peito e a dor desapareceu.
Então, isso para mim, eu acho que o nome de Jesus é tão grande, é tão grande que remove os nossos obstáculos orgânicos.
Eu estou com uma angina que ficou como sendo uma herança do enfarte, mas uma angina muito bem controlada. Eu sigo as instruções médicas, as instruções dos amigos espirituais, me abstenho de tudo aquilo que eu não posso usufruir, de modo que eu graças a Deus estou, vamos dizer, estou doente, mas estou são. Se alguém puder compreender...
HEBE
- Numa de suas respostas, falando sobre as guerras, Chico ponderou que o próprio homem é que as provoca. Igualmente moléstias que alarmam o mundo, qual o câncer, a aids, etc., seriam provocadas pelo homem?
CHICO
- Há um conceito muito antigo que assevera: Deus socorre a criatura pela própria criatura.
Então, vamos pensar, a Bondade Divina suscitou a inteligência humana para sanar o problema da distância e o problema da distância foi vencida pelo avião, pelo automóvel, vamos dizer, pelo motor.
A misericórdia de Deus inspirou a inteligência humana e o homem venceu uma peste como sendo a varíola, através da vacina, e o homem se libertou da febre amarela, da peste bubônica, da varíola e de outras moléstias consideradas quase que irreversíveis ou fatais.
O homem sentiu necessidade de mais aproximação, uns com os outros, e a bondade de Deus, através da inteligência humana, nos deu a onda hertziana, o rádio, a televisão e todo esse mundo de comunicações em que dentro de segundos o que acontece num hemisfério pode ser conhecido no outro lado do Planeta.
Então, nós vemos, por exemplo, o homem sentiu o flagelo e a fome, mas a bondade de Deus suscitou à cabeça humana diversas formas de produção e, sobretudo, transporte rápido e o transporte rápido, se exercido fielmente, aniquila a fome.
A fome deixou de existir, mas a inteligência humana não foi ainda capaz de eliminar o ódio criado por ela mesma, porque Deus não criou o homem para ter o destino de um robô, mas sim de ser um cooperador inteligente do próprio Deus na Criação.
Então, em matéria de sentimentos, Deus não podia violentar o homem.
A guerra se deve ao ódio entre os povos, ódio que ainda não foi vencido, porque Deus não é Pai de violência, mas, sim, Pai de Infinito Amor e deixa por conta dos seus filhos a solução das necessidades da fraternização geral entre todos, o amor entre todos, a simplicidade, a humildade, a bondade, a compreensão humana para que a violência seja banida da Terra.
Enquanto o homem odiar, enquanto houver ressentimento no coração de alguém, porque o ressentimento é um pedacinho da guerra, enquanto houver ressentimento, então, nós somos obrigados a considerar que devemos esse flagelo ao Homem, ao Homem, considerando aos homens e às senhoras do mundo, porque não é problema para que pudesse vir um auxílio exterior para ser exterminado, porque tudo que é perigo exterior Deus tem suscitado à ciência humana os recursos para que esses perigos sejam eliminados.
Então todas essas manifestações dolorosas de guerra, de separação, de violência, isso tudo, nós somos os responsáveis por elas, porque elas nascem do nosso sentimento.
Agora, as doenças, mesmo as que hoje são consideradas perigosas, como sendo a aids, por exemplo, e outras doenças, nós confiamos em Deus que a ciência vai descobrir meios de vacinação, de imunização das criaturas, e todos os males físicos, como o câncer, serão debelados, porque também a tuberculose e a lepra foram debeladas.
NAIR
- Chico, eu gostaria de saber por que os jovens e os não jovens estão se entregando tanto ao tóxico de uma maneira tão desordenada. Perderam completamente a noção das coisas?
CHICO
- O tóxico, vamos dizer, é um irmão mais inteligente da nossa cachaça. Nós, também, através do álcool, através de gerações e gerações, temos perdido muita gente.
Agora, os espíritos consideram e nós também acreditamos que essa fascinação pelo tóxico é a necessidade de amor que a criança e o jovem sentem naturalmente no seu próprio desenvolvimento.
NAIR
- Chico, desculpe, você acha que o jovem, digamos, que apela para o tóxico, a gente pode considerar uma pessoa carente?
CHICO
- Carente! O jovem que se abandona ao tóxico, habitualmente pode estar com mesadas muito grandes, mas está sem o carinho e sem o calor paterno e materno. E isso é muito sério na vida de quem está começando a existir neste mundo.
NAIR
- É verdade, é verdade. É porque muitos pais pensam que carinho e amor é dar mesadas muito grandes.
CHICO
- Às vezes, a privação do dinheiro e a doação de trabalho digno é que vai construir uma existência feliz.
HEBE
- Chico, eu gostaria, também, antes de você dar a sua mensagem de Natal para todo este Brasil que nós amamos tanto, que você dissesse como é que a gente pode, por exemplo, ajudar, eu sei que houve ajuda no caso de julgamento de uma pessoa que parece que assassinou a mulher e, através de uma carta psicografada, esta pessoa foi absolvida.
A esposa inocentou o criminoso e a gente sabe, assim, às vezes, de tantos casos de desencontros entre casais, de repente, uma desarmonia e a gente tenta ajudar e não sabe como.
Eu queria que você, com sua palavra, com esse dom que você tem de se conectar com Jesus, se você poderia dar uma palavra para essas pessoas que estão atravessando momento difícil de convívio conjugal e essa família que não pode se desagregar.
CHICO
- Nós temos um problema a resolver nestes casos de imunização espiritual.
A imunização espiritual é sempre feita com a palavra centralizada no bem e com esquecimento de todo o mal.
Se nós não falarmos coisa alguma a respeito de algum pequenino erro de alguém, aquilo não segue para diante, porque nós devemos ser estações terminais de toda a fofoca, porque a fofoca é hoje um instrumento interessante e até engraçado, mas a fofoca também mata.
Agora o caso de Campo Grande...
As nossas sessões não são sessões de provocar manifestações; nós estudamos o Evangelho, comentamos o ensinamento de Cristo e nos colocamos à vontade de algum amigo espiritual que queira se manifestar.
A reunião era feita talvez ali com umas 400 a 500 pessoas, algumas do lado de fora, quando essa senhora muito jovem se comunicou para o marido chamado João de Deus... (O nome completo eu não me lembro).
Então, falou com ele que se lembrava exatamente do dia em que eles estavam chegando de uma festa e que ele ao retirar o cinto de que se tinha munido, porque havia feito uns 6 ou 8 quilômetros de viagem para ir a uma festa de aniversário, eu não sei, parece que era uma festa de aniversário, e ele, então, temendo a atualidade, os assaltos da atualidade, se muniu de um revólver e o pôs no cinto.
Então, ela se lembrava perfeitamente da noite em que eles chegavam e que ela se sentou na cama e que ele ao retirar o cinto, o gatilho esbarrou em algum corpo, que nem ela e nem ele poderiam determinar, e o tiro saiu e veio sobre ela e que ele era inocente de tudo aquilo.
Que ela partiu deste mundo, lamentando aquele incidente, e como ela sabia que ele estava às vésperas de julgamento, pediu muito a Deus para que os juízes e para que os jurados considerassem a inocência dele.
Ele que já tinha feito um segundo casamento e que era pai de um filho, porque o casamento dele com a comunicante era recente.
Ela não teve filho, mas que o lar deles estava formado, ele era agora pai, ela pediu à Misericórdia de Deus que atuasse no cérebro dos juízes e dos jurados para que fosse libertado, para que essa senhora que era a segunda esposa dele e o filhinho, a criança, não sofressem privações com a sua ausência; que ele marchasse com a sua inocência para o julgamento, mas que Deus havia de abençoá-lo, que Jesus havia de se lembrar dele.
Depois eu não soube de mais nada, senão pelo jornal que os sete jurados deram a favor dele e ele foi liberto.
NAIR
- E agora, você me lembrou de uma coisa que você sempre diz, e que as pessoas que estavam lá viram o que o Chico sempre diz para gente: que o telefone não toca daqui pra lá, é sempre de lá pra cá. Que não adianta a gente querer insistir, querer falar com... tem que aguardar um chamado. Não é Chico?
CHICO
- Vem espontaneamente, vem de uma maneira que a pessoa sente no coração que está recebendo a verdade.
NAIR
- É verdade. Eu posso provar isso.
Ao encerramento do programa, Chico Xavier leu a mensagem intitulada Mensagem para Jesus, por ele psicografada e que a seguir apresentamos.
CHICO
- Vamos ler a mensagem recebida por nós no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, na noite de 21 de setembro deste ano de 1985.
A autora é Maria Dolores que foi uma nossa patrícia, nascida na Bahia, desencarnada igualmente me Salvador, há tempos.

Mensagem para Jesus

Ante o Natal, Jesus, aqui agradecemos
O progresso da Terra, em resplendores,
Desde o mar vasculhando às alturas imensas,
Em que o homem pesquisa os mundos exteriores.

Entretanto, perdoa-me se, em prece,
Tenho os quadros de dor que te apresento:
As crianças sem lar, sobre o colo da noite,
E as mães vencidas pelo sofrimento.

Os doentes que vagam na intempérie,
Implorando o agasalho de um lençol,
E os velhinhos, no escuro das calçadas,
Que morrem aguardando uma réstia de Sol.

Os enfermos que choram na esperança
De pequeno socorro que não vem...
E os corações cansados e infelizes
Que atravessam a vida sem ninguém.

Induze-nos, Senhor, a buscar todos eles,
Os tutelados teus, nossos próprios irmãos,
E a fim de auxiliá-los como estejam,
Ensina-nos, Jesus, a unir as nossas mãos!...

Natal!... Feliz Natal!... Todos cantamos,
Ao coro fraternal de todas as igrejas!...
Louvado seja Deus que te enviou à Terra!...
Mestre do coração, bendito sejas!...

MARIA DOLORES


 Livro Jesus em Nós - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
  

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