sábado, 22 de outubro de 2011

À SOMBRA DO ABACATEIRO



Adelino da Silveira, em sua obra  “Chico, de Francisco”, destaca um depoimento do Dr. Carlos A. Baccelli que demonstra com eloquência a humildade, traço marcante, que caracterizou e enobreceu a personalidade do Chico Xavier


À SOMBRA DO ABACATEIRO


 Dr. Carlos A. Baccelli, querido irmão de ideal e prestimoso amigo, sempre presente ao Culto da Assistência que o Chico realizava na sombra de um abacateiro, atento e fiel a tudo o que o Chico diz, ia anotando as frases que ele pronunciava e depois escrevia os seus maravilhosos artigos "Chico Xavier, à Sombra do Abacateiro". Às vezes fico pensando quanta coisa importante se teria perdido não fossem as abençoadas anotações do Baccelli.
Num certo dia, o Chico pede para falar alguns minutos, parece que percebendo o anseio de cada um. Vai dizendo:
“Eu gostaria de oferecer-lhes, pessoalmente, mais tempo. Às vezes, a gente comete a falta da ingratidão sem desejar. Tenho procurado cumprir com os meus deveres para com os Espíritos Amigos e para com os espíritas amigos”. E fala do seu estado de saúde, do tempo reduzido que lhe resta no corpo:
“Eu me contento com a alegria de vê-los a todos; gostaria de me sentar com cada um para conversar sobre as nossas tarefas”. E pede perdão por estar doente!
O Evangelho Segundo o Espiritismo, aberto ao acaso, havia trazido para estudo e meditação, o capítulo V: "Bem-Aventurados os Aflitos", o ítem 18: "Bem e Mal Sofrer".

Emmanuel, presente ao culto, pede ao Chico que fale um pouco sobre o tema do Evangelho. Chico, então, começa a falar e sua voz suave e mansa vai penetrando os ouvidos dos presentes:
“À medida que a Providência Divina determina melhoras para nós, na Terra, inventamos aflições. Para cultivar o solo temos o auxílio do trator, antes só possuíamos carros-de-bois. Hoje, temos veículos motorizados encurtando as distâncias, mas não nos contentamos com os 80 km por hora, antes andava-se a pé. Hoje, a geladeira conserva quase tudo, antes plantavam-se canteiros”.

Fala do conforto em que o homem vive e do seu comodismo espiritual:
“É que precisamos nos contentar com o que temos. Estamos ricos, sem saber aproveitar a nossa felicidade. Antes, as pessoas idosas desencarnavam conosco, hoje as mandamos para os abrigos. Tínhamos um pouco de prosa durante o dia, a oração à noite. Agora inventamos dificuldades e depois vem o complexo de culpa e vamos para os psiquiatras... Se estamos numa fila e uma senhora doente nos pede o lugar, precisamos cedê-lo. Recordemo-nos da prece padrão para todos os tempos que é o Pai Nosso, quando Jesus diz: "O pão nosso de cada dia..." Por que acumular tanto? Existem pessoas que possuem trinta e cinco pares de sapato; onde é que irão arrumar setenta pés? Estamos sofrendo mais por excesso de conforto do que excesso de desconforto. Morre muito mais gente de tanto comer e de tanto beber, do que por falta de comida”.

E conclui: “Esta é a opinião dos Espíritos. Perdoem-me se falei mal, mas se eu falei mal, falei foi de mim".

Conta o Bacceili que quando o Chico acabou de falar, podia-se ouvir uma mosca voar, tão forte a impressão que deixara em todos os presentes.

Chico está coberto de razão; falou a pura verdade, verdade que nem sempre queremos ouvir. Sim, quando o Espírito silencia, Deus fala nele.

Estávamos, agora, em silêncio e o Verbo Divino que vibrara pelos lábios do Chico ecoava dentro de nós.

Livro: Chico, de Francisco • Adelino da Silveira • CEU – Cultura Espírita União
Projeto Saber e Mudar Aos Poucos.

Tag: CHICO,XAVIER, SOMBRA, ABACATEIRO, ADELINO, SILVEIRA, DOUTRINA ESPÍRITA....... 



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